Portugal, Paisagem Rural
Henrique Pereira dos Santos
(Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos)

Arquiteto paisagista, Henrique Pereira dos Santos tem sido uma das vozes mais presentes no corrente debate sobre a floresta e os incêndios. Só essa referência bastaria para recomendar a leitura deste livrinho, mesmo que ele pouco fale de floresta e mal chegue aos dias de hoje, sendo sobretudo uma história e uma abordagem geográfica às transformações do nosso mundo rural desde o final do século XIX. Mas o seu interesse é muito maior pois ajuda a compreender a atual desertificação humana, a surpreendente recuperação de algumas paisagens naturais e os fracassos de certas políticas agrícolas. Um livro que ajuda a conhecer melhor um Portugal demasiado desconhecido – e esquecido.

Estaline e os Cientistas – Uma História de Triunfo e Tragédia (1905-1953)
Simon Ings
(Temas e Debates)

O comunismo soviético afirmava-se como um regime diferente de todos os outros porque se julgava “científico”, isto é, não representava apenas uma proposta política diferente, antes via-se como uma consequência inevitável das leis da História. Contudo acabou por ser a Ciência, com maiúscula, que foi sacrificada à política e à ideologia, não hesitando Estaline em escolher as teorias que preferia e em perseguir aquelas que não encaixavam na sua visão do mundo. A principal vítima deste processo foi a genética, sacrificada no altar de um charlatão, Trofim Lysenko. É esta história que este livro nos conta, com abundância de detalhes que permitem perceber como nada, nem mesmo o destino das moscas do vinagre, escapavam à longa mão do senhor do Kremlin.

Prisioneiros da Geografia
Tim Marshall
(Desassossego – Livros para Pensar)

Porque é que Vladimir Putin não hesita no seu apoio ao regime sírio de Bashar al-Assad? Se olharmos para o mapa da Rússia e virmos como aquele grande país não possui nenhum porto de águas quentes com acesso direto ao Mediterrâneo talvez compreendamos melhor o porquê dessa escolha de Moscovo. Este é apenas um dos exemplos de como não faz sentido pensar a geopolítica sem olhar para o mapa-mundo, algo que neste livro se faz de forma especialmente interessante, partindo de dez mapas das várias regiões do planeta para explicar como a geografia condicionou e condiciona as grandes escolhas estratégicas, o que é válido tanto para as grandes potências como para os pequenos países. Se é verdade que hoje já não procuramos explicar tudo através de diferentes alinhamentos ideológicos ou religiosos, esta obra de Tim Marshall ajuda-nos a perceber porque é que montanhas e rios, planícies e linhas de costa, estreitos e golfos, continuam a obcecar todos os que determinam o movimento das peças no imenso xadrez formado pelos nossos cinco continentes e quase 200 países independentes. É este ângulo de abordagem que torna este livro especialmente estimulante.

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