O Observatório Sírio dos Direitos Humanos confirmou esta terça-feira a morte de Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Estado Islâmico, está a noticiar a Reuters. A organização não-governamental diz ter “informação confirmada” de que Abu Bakr al-Baghdadi, nome de guerra do iraquiano de 45 anos Ibrahim al-Samarrai, morreu em final de maio durante um ataque aéreo.
Quem é Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Estado Islâmico na Síria?
De acordo com Rami Abdulrahman, líder do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, essa informação foi prestada pelos próprios líderes do Estado Islâmico, incluindo um dos mais importantes do grupo terrorista, a partir do este de Deir al-Zor, na Síria. Em junho deste ano, o ministério da Defesa russo já tinha afirmado ter morto Abu Bakr al-Baghdadi durante um ataque aéreo à cidade de Raqqa, mas os Estados Unidos nunca confirmaram esta informação. À Reuters, o Observatório diz que o comunicado enviado pelo Estado Islâmico não especifica quando nem em que circunstâncias é que al-Baghdadi morreu.
Os meios de comunicação afiliados ao Estado Islâmico ainda não têm nenhuma confirmação da morte do líder. Também não houve ainda confirmação por parte do ministério da Defesa norte-americano nem das fontes oficiais iraquianas ou curdas.
O “rapaz pacífico” que liderou o maior grupo terrorista da atualidade
Abu Bakr al-Baghdadi é o nome de soldado de Ibrahim al-Samarrai, um iraquiano de 45 anos natural de Samarra. Aqueles que conviveram com ele em jovem descrevem-no como um rapaz “envergonhado”, um religioso devoto e um “homem que evitava a violência”. Vivia numa pequena casa ao lado de uma mesquita durante mais de dez anos e era “um eclesiástico”. Tudo veio a mudar quando, em 2003, os Estados Unidos invadiram o Iraque. Al-Baghdadi fugiu para Faluja, mas foi capturado em 2004.
Doutorado em Estudos Islâmicos pela Universidade Saddam, em Bagdade, al-Baghdadi é descrito pelos colegas de faculdade como um homem calado que gostava de estar isolado e passava muito tempo sozinho. Enquanto frequentava a universidade, al-Baghdadi era “insignificante. Ele costumava liderar as orações numa mesquita perto da minha zona. Ninguém reparava nele”, descreve um dos seus antigos colegas de universidade.
Al-Baghdadi assumiu a liderança do Estado Islâmico em maio de 2010 depois da morte de Abu Omar al-Baghdadi, mas apenas é considerado terrorista desde 4 de outubro de 2011: as informações sobre o seu paradeiro valiam , na altura, 7,3 milhões de euros. Agora o valor já tinha subido para 22 milhões de euros. Enquanto líder do Estado Islâmico, al-Baghdadi era discreto: raramente mostrou a cara ou se ouviu a sua voz, o que lhe valeu a alcunha de “o xeque invisível”.
Enquanto combatente, no entanto, al-Baghdadi é descrito como implacável, rigoroso e metódico. Mas nem sempre foi assim. Al-Baghdadi já era militante jihadista nos tempos de Saddam Hussein, embora algumas fontes afirmem que se radicalizou enquanto esteve num campo norte-americano no sul do Iraque, onde terá convivido com membros da al-Qaeda. Acabou por ser libertado em 2008 por ter sido considerado “uma ameaça menor”. Um ano depois estava num dos mais altos postos da al-Qaeda.
Al-Baghdadi já foi dado como abatido seis vezes. Há dois anos, em março, um bombardeamento aéreo feriu gravemente o líder do Estado Islâmico, obrigando o grupo a reunir e a prometer vingar os ferimentos provocados a al-Baghdadi. Em outubro de 2015, a Força Aérea iraquiana declarou a sua morte mas al-Baghdadi sobreviveu: nem sequer estava no local do bombardeamento. Em 2016, a 9 e a 12 de junho, novas notícias diziam que al-Baghdadi tinha morrido, mas os Estados Unidos nunca confirmaram as informações. Nesse mesmo ano, al-Baghdadi e outros três líderes do Estado Islâmico foram envenenados, mas também sobreviveram. A confirmar-se a morte de al-Baghdadi pela Defesa russa, ela terá ocorrido a 28 de maio durante um ataque aéreo.