Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, voltou a defender o seu filho, Donald Trump Júnior, no polémico caso em que é acusado de ter aceitado encontrar-se com uma advogada russa à espera de receber informação prejudicial para Hillary Clinton, a oponente do seu pai nas eleições presidenciais de novembro de 2016.
A partir de Paris, Donald Trump disse que o encontro do seu filho com uma advogada russa era uma coisa perfeitamente normal em política. “De um ponto de vista muito prático, a maioria das pessoas teriam acedido a um encontro deste tipo. A política não é o negócio mais bonzinho do mundo, mas este comportamento é muito comum, qualquer pessoa que se movimente nos meios políticos o faria”, disse Donald Trump. Acrescentando que Donald Trump Júnior é “um fantástico jovem”, o Presidente dos Estados Unidos sublinhou que o encontro — “rápido, muito, muito rápido” — tinha acontecido “com uma advogada russa, e não com uma advogada do governo russo”.
Donald Trump Júnior decidiu publicar os emails trocados com a advogada russa, Natalia Veselnitskaya, para tentar clarificar as suas intenções mas isso não o conseguiu ilibar, apenas redobrar as desconfianças que recaem sobre ele e sobre toda a equipa que ajudou Trump durante a campanha. Nos emails lê-se que a advogada foi, de facto, descrita a Trump Júnior como “uma advogada do governo russo” com informação “parte de um esforço do seu país para ajudar a eleger Donald Trump”, conta a CNN.
O filho de Donald Trump disse esta terça-feira que não informou o seu pai, na altura candidato às presidenciais norte-americanas, sobre o encontro com uma advogada russa que prometia informação prejudicial a Hillary Clinton, depois de ter conhecimento que havia um esforço do governo russo para ajudar a campanha de Donald Trump.
Numa entrevista à televisão norte-americana Fox News, Donald Trump Jr. disse que a reunião com a advogada foram “20 minutos perdidos” mas admitiu que “provavelmente faria as coisas de forma um bocadinho diferente” hoje em dia, já que nunca informou o seu pai que iria encontrar-se com a advogada. Na combinação do encontro, Donald Trump Jr. foi informado que a advogada seria próxima do Kremlin e queria passar informação prejudicial sobre Hillary Clinton. Resposta: “Adoro”, escreveu de volta o filho de Donald Trump.
“Alguma coisa pode acontecer com o Acordo de Paris”
Depois de ter retirado os Estados Unidos dos compromissos ambientais assumidos no Acordo do Paris pelas nações mais industrializadas — e, por isso, mais poluidoras — do mundo, Donald Trump sugeriu em Paris que “alguma coisa ainda pode acontecer no que diz respeito ao Acordo de Paris”. “Sim, bom, vamos ver o que acontece, vamos falar desse assunto nos próximos tempos, se acontecer será maravilhoso; se não está tudo bem, também. Veremos.”, disse Trump numa conferência de imprensa ao lado do Presidente de França, Emmanuel Macron, que já tinha criticado bastante o presidente dos Estados Unidos por abandonar a luta contra as alterações climáticas.
O pacto foi assinado por mais de 190 países e nenhum parece estar a pensar ceder à pressão dos Estados Unidos, tendo a Europa apresentado uma frente bastante unida contra Trump por altura da Cimeira do G7.
Nessa altura, Emmnauel Macron subverteu o slogan de Trump – “Let’s make America great again” — e utilizou-o em realação aos compromissos ambientais pedindo aos países do Acordo de Paris: “Let’s make the Planet great again”.
Paris voltou a ser Paris
A segurança internacional foi um dos pontos mais importantes do encontro entre os dois líderes. Estiveram em cima da mesa temas como a ameaça terrorista em geral — e o Daesh em particular –, a conquista de Mossul, e conflito na Síria. Trump enalteceu o “tremendo progresso” conseguido pelo exército iraquiano em Mossul, que esta semana recuperou a cidade ao autoproclamado Estado Islâmico mas avisou que “os ganhos podem ser perdidos” e que “é preciso trabalhar com o governo do Iraque mas assegurar que esta vitória se mantém uma vitória, o que não aconteceu da última vez”.
O que também não se repetiu foram as críticas que Trump tinha feito a Paris na altura dos atentados em Nice, no qual morreram 86 pessoas. Em campanha, Trump disse que um amigo dele — identificado apenas como Jim — “era um grande fã das cidade das Luzes” mas que tinha deixado de a visitar porque “Paris já não é Paris”. Mas, pelos vistos, a cidade que Trump encontrou esta quinta-feira é “pacífica” e “bonita”.
Desta vez, Trump disse também que ambos os países estavam unidos “numa batalha contra o extremismo”.
“Agora vai correr tudo bem porque vocês têm um grande presidente”, disse Trump, acrescentando que Macron “não vai ser condescendente com as pessoas que não cumprem a lei”.
Na conferência de imprensa conjunta, o chefe de Estado francês afirmou que os dois líderes foram capazes de discutir a melhor forma de combater “a ameaça global de inimigos” que tentam desestabilizar o mundo atual, mas também reconheceu ter diferenças marcantes com Trump, nomeadamente no que diz respeito às alterações climáticas e ao Acordo de Paris.
“Respeito a decisão do Presidente Trump. Está a cumprir o pensamento e o trabalho que acha adequados e que correspondem aos seus compromissos de campanha. Por minha parte, continuo comprometido com o Acordo de Paris e é meu desejo de continuar como parte deste acordo e avançar passo a passo, como previsto pelo acordo”, declarou o chefe de Estado francês.