“Cumpri a minha pena”, repetiu várias vezes OJ Simpson, ex-estrela da Liga de Futebol Americano, enquanto iam sendo ouvidas as testemunhas contra e a favor da sua liberdade condicional. Ganharam os que o defendiam.
A saga é antiga mas este capítulo é estanque. Esta quinta-feira, em frente a um painel de avaliadores de pedidos de liberdade condicional, Simpson mostrou-se humilde, arrependido e, em grande medida, reabilitado pelo crime de assalto à mão armada pelo qual foi condenado a 33 anos de prisão. Já cumpriu nove deles e deve sair em liberdade condicional já em outubro.
Em 1995, Simpson foi absolvido por duplo homicídio, numa história que chocou o mundo.
Simpson, agora com 70 anos, foi condenado por ter assaltado um quarto de hotel em 2007, com o intuito de roubar vários prémios, troféus e parafernália referente aos seus anos áureos no desporto e no cinema. Mas os homicidios de Nicole Brown Simpson, à altura sua ex-mulher, e um amigo dela, o empregado de mesa Ronald Goldman, assombrariam para sempre a sua vida e a sua reputação. O seu julgamento foi mais escrutinado e mediatizado da história da Justiça norte-americana e as repercussões no próprio Simpson, apesar de ter sido absolvido, não se finaram nessa sentença.
Os advogados de OJ Simpson, que o defenderam em 1995, acusaram a polícia de ter contaminado as provas de ADN e outras, e as dúvidas sobre a sua inocência nunca se dissolveram completamente. A perceção da culpa de Simpson abriu uma fossa das Marianas entre negros e brancos nos Estados Unidos e deu início a uma enorme discussão sobre a o racismo endémico naquele país. Há nove anos, no exato dia em que Simpson roubou o hotel em Las Vegas, foi lançado o livro “If I Did It: Confissões de Um Assassino”, que detalha, em teoria alegadamente, a forma como OJ Simpson poderia de facto ter cometido os crimes.