Os juros da dívida portuguesa estão nesta terça-feira a descer em todos os prazos, com a taxa de juro a 10 anos abaixo de 2,5%, mínimos desde dezembro de 2015. A descidas das taxas de juro nos mercados é um reflexo indireto da decisão da S&P, já que em termos práticos o impacto é limitado — mas vários investidores mais especulativos estão a posicionar-se para que também a Moody’s e a Fitch atribuam uma notação de risco mais favorável a Portugal, o que levaria à inclusão nos principais índices de obrigações numa altura decisiva: o momento em que o BCE se prepara para reduzir as compras de dívida da zona euro.
Os juros a dez anos estavam a cair para 2,4%, um mínimo desde dezembro de 2015. No prazo de cinco anos, os juros também estavam a recuar, para 0,92%, um mínimo desde junho de 2015.
“Acredito que deve haver algum dinheiro rápido a tentar antecipar-se [a mais subidas de rating] e a comprar dívida portuguesa porque ainda se consegue obter uma taxa de juro comparativamente elevada”, afirma Jens Peter Sorensen, analista do Danske Bank, citado pela Bloomberg. Os títulos com a mesma duração em Espanha “rendem” menos de 1,6%, pelo que estes investidores podem ganhar com uma convergência das taxas de juro entre os diferentes países.
Richard McGuire, outro analista, do holandês Rabobank, também deteta um potencial para “pré-posicionamento” de investidores que depois podem fazer lucro a vender a outros investidores caso se confirmem mais subidas de rating e Portugal volte a entrar nos principais índices de obrigações.