Depois de o Governo espanhol mover mundos e fundos para impedir a realização do referendo à independência da Catalunha, o PP e o PSOE dizem agora estar dispostos a conversar com os independentistas. Esta abertura para um diálogo surge porque o Governo de Madrid não acredita que o referendo se venha a realizar, avança o jornal espanhol El País.

O PSOE diz estar disposto a criar uma comissão para rever o modelo de autonomia da Catalunha, mas nunca antes de dia 2 — o referendo está agendado para o dia 1 de outubro.

“No dia 2 falaremos e a dinâmica levar-nos-á a encontrar soluções, porque o projeto de convivência dos espanhóis tem de continuar em Espanha. Teremos de nos sentar e falar, e fá-lo-emos”, disse Íñigo Méndez de Vigo, porta-voz do Governo espanhol e ministro da Educação, num programa de rádio.

Também o ministro da Economia, Luis de Guindos, afirmou numa entrevista ao Financial Times que o Governo está disposto a falar assim que a Generalitat desista do referendo. “Se desistirem dos planos para a independência, podemos conversar. A Catalunha já tem uma grande autonomia, mas poderíamos falar sobre a reforma do sistema financeiro e outros assuntos.”

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Mas o Governo da Catalunha parece não estar disposto a desistir do ato eleitoral. Mesmo depois de o Tribunal Constitucional ter considerado o referendo ilegal, o presidente do Governo catalão, Carles Puigdemont, publicou esta tarde na sua página de Twitter o endereço de um site, com os vários locais onde os catalães poderão votar no dia 1 de outubro.

Recorde-se que na quarta-feira foram detidos 14 membros da equipa que estava a organizar o referendo. Dessas 14 pessoas, sete continuam detidas, à espera de serem presentes a tribunal, e as restantes já foram libertadas.

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O mesmo juiz que deu ordens para as detenções está também a investigar se o Governo da Catalunha gastou 6,2 milhões de euros para organizar o referendo. O juiz Juan Antonio Ramírez Sunyer afirma que o dinheiro não pode ser utilizado para organizar um ato eleitoral considerado inconstitucional e pediu à polícia para que “localize, intervenha e ponha à disposição judicial” documentos ligados ao usufruto alegadamente indevido destes fundos públicos , lê-se no El País.

Entretanto, o Tribunal Constitucional decretou multas diárias de 12 mil euros para sete síndicos, isto é, funcionários do governo da Catalunha de um organismo criado especificamente para este referendo — como se fosse uma junta eleitoral para este ato eleitoral. Estas multas entram em vigor a partir de amanhã, sexta-feira, a partir das 10h00, caso os visados não comprovem que deixaram de trabalhar na organização do referendo.

Josep Maria Jové, secretário das Finanças e um dos 14 detidos de ontem, é outra das pessoas a quem foi aplicada esta multa. Contudo, este é um processo judicial diferente daquele que levou às detenções. Jové foi multado por ter sido considerado pelo juiz como um organizador do referendo, uma vez que “era seu dever impedir e paralisar qualquer iniciativa que visasse iludir a suspensão” do referendo por parte do Tribunal Constitucional.

Para esta quinta-feira estão ainda agendados protestos em várias cidades espanholas.