Os jogadores dos Baltimore Ravens e dos Jacksonville Jaguars ajoelharam-se, em forma de protesto, durante o hino dos EUA, num jogo realizado hoje, em Londres. Esta foi a primeira partida da NFL realizada após Donald Trump ter condenado os jogadores que se têm manifestado contra a desigualdade racial. Mas mais equipas já prometeram respostas semelhantes.
O protesto que se realizou em pleno estádio de Wembley foi um dos mais marcantes na história da NFL, ficando logo a seguir ao do quarterback dos San Francisco 49ers, Colin Kaepernick, que em 2016 recusou-se a ficar em pé durante o cantar do hino nacional norte-americano.
A liga nacional de futebol americano (NFL) tem sido palco de várias demonstrações de indignação perante a desigualdade racial que se tem feito sentir nos EUA. Este protesto, porém, surge como reação ao ataque que o Presidente Trump fez a todos os jogadores que deram a conhecer o seu descontentamento, chamando-os de “sons of bitches” (“filhos-da-mãe”, em português), num comício no Estado do Alabama, e defendendo que estes deveriam ser despedidos.
Estes comentários de Trump, não só despoletaram a manifestação de hoje, em Londres, mas também deram origem a uma onda de indignação que envolve altos responsáveis da NFL, donos de equipas e outras figuras ligadas à modalidade.
O Comissário da NFL Roger Goodel é um destes casos: no último sábado divulgou uma declaração onde afirma que “comentários fraturantes como estes [os de Trump] demonstram um infeliz desrespeito pela NFL e os nossos grandes jogadores”.
Entretanto, Donald Trump voltou a manifestar o seu desagrado perante estes protestos, usando o Twitter para reforçar a ideia de que os jogadores devem ser “despedidos ou suspensos” e que o público deve boicotar os jogos.
…NFL attendance and ratings are WAY DOWN. Boring games yes, but many stay away because they love our country. League should back U.S.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 24, 2017
As manifestações no seio da NFL começaram em agosto de 2016, quando Kaepernick recusou-se a ficar de pé durante o hino nacional como forma de protestar contra a forma como as autoridades policiais lidam com minorias étnicas.
O quarterback foi ostracizado pela sua tomada de posição e desde então nunca mais conseguiu arranjar equipa. Apesar disso, uma onda de solidariedade para com o jogador tem-se feito sentir.
Os comentários de Trump ganharam nova força depois de o melhor jogador da liga de basquetebol dos Estados Unidos, a NBA, ter-se recusado a acompanhar a equipa na tradicional visita à Casa Branca dos campeões das ligas norte-americanas.
Donald Trump não gostou e desconvidou-o, dizendo que era uma honra visitar a Casa Branca e que Stephen Curry estava a hesitar, então o convite era anulado. A equipa de Stephen Curry, os Golden State Warriors, decidiram ir a Washington mas sem ir à Casa Branca, promovendo ao invés uma marcha pela diversidade.
LeBron James, também ele várias vezes campeão da NBA e um dos melhores jogadores da atualidade também se meteu na conversa, e apelidou Donald Trump de “bandalho”, dizendo que era uma honra ir à Casa Branca, mas isso era antes de Donald Trump se tornar Presidente.
Os Pittsburgh Steelers, equipa da NFL, também se vão juntar aos protestos não surgindo em campo até depois de o hino norte-americano ser cantado. A equipa entende que nenhum dos seus jogadores deve ser prejudicado por se expressar, por isso decidiu deixar os jogadores todos no balneário.
A situação gerou ainda mais polémica depois de Tom Brady, melhor jogado da liga de futebol norte-americano, e próximo de Donald Trump, não ter participado na cerimónia no final da época passada na Casa Branca, mas nesse caso o Presidente não atacou o quarterback dos New England Patriots.