25 anos depois de ter chegado à Europa, a Super Nintendo é relançada em modo encolhido, mas cheia de memórias dos anos noventa para quem a jogou. No seguimento do lançamento da primeira consola Nintendo em tamanho pequeno, a empresa japonesa põe à venda esta sexta-feira o segundo modelo da “Nintendo Classic Mini”, a “mini SNES”.

O que agora é “mini”, em 1992 era apresentado como “maior” ao chegar a Portugal. Os comandos ganhavam mais botões, mais cores e estavam mais ergonómicos. Os gráficos, mais vividos e limpos que nunca. Os 8 bits de processamento passavam a mais 8, num total de 16 bits. Havia mais som (mono passava a stereo) e a Super Nintendo Entertainment System (SNES) tinha mais jogos que nunca — bom, não tinha mais jogos que a grande rival, a Mega Drive da Sega, mas tinha mais capacidade técnica.

“Super Mario World”, “The Legend of Zelda: A Link to the Past” (que para muitos é ainda um dos melhores títulos da história dos jogos de vídeo), “Donkey Kong Country” ou “Super Mario Kart” são apenas alguns dos títulos que tiraram (ou abrilhantaram, dependendo do ponto de vista) incontáveis horas a crianças e graúdos numa época em que o telemóvel e a internet ainda estavam longe. A Mini SNES traz estes e outros títulos de volta para provar que, apesar das evoluções técnicas que aconteceram nos últimos 20 anos, a essência e o encanto deste jogos permanece.

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Para analisar o relançamento da memorável consola, fomos ao nosso sótão buscar a velha SNES original e ver como se comporta em comparação com a nova edição. Uma televisão com entrada de 21 pinos ou RCA foi mais difícil de encontrar do que se esperava, mas após um ou outro sopro nos cartuchos de jogos lá se pôs a consola a funcionar. Já com a mini SNES, bastou ligar o cabo HDMI e o USB a um ecrã e o menu interativo apareceu.

lado a lado snes

A mini SNES, à esquerda, é bastante menor que a original, à direita.

O sistema

O ecrã inicial da mini SNES é a grande diferença neste relançamento. Se antes era preciso mudar o cartucho de jogo para se jogar outros títulos, agora basta carregar no botão reset da consola e há um menu com 21 títulos para se escolher. Ao percorrer esta home no ecrã, que tem um toque musical Nintendo ao estilo da SNES, é também possível aceder a várias opções de configuração.

Nas configurações de ecrã — algo inimaginável na antiga SNES — há três modos visualização: 4:3, imagem melhorada e “estilo CRT” (este último adiciona um efeito de linhas no visor como nas televisões antigas). Como hoje as televisões são retangulares e os jogos foram pensados para televisores quadrados, as barras laterais não preenchidas nos jogos que vêm com a consola são inevitáveis. No entanto, a mini SNES permite personalizar os cantos com imagens retro e alusivas ao mundo Nintendo para uma experiência mais colorida.

Outra das opções pode ser considerada uma “batota” para os verdadeiros “retro gamers” (jogadores de videojogos antigos). Como na mini NES, aqui cada jogo tem quatro espaços (“slots“) para se gravar o progresso e voltar a jogar a partir do último ponto de gravação. Mas a mini SNES vai mais longe nesta “batota” moderna. Não só se pode gravar, como se pode fazer “rewind” (retroceder) para tentar aquele murro falhado no “Street Fighter II” que levou a que o “Blanka” nos ganhasse. É jogo sujo, mas dá muito jeito quando é preciso superar a frustração de alguns títulos que voltam sempre ao início após perdermos.

Os jogos

Os 21 jogos da mini Super Nintendo:

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-Contra III: The Alien Wars
-Donkey Kong Country
-EarthBound
-Final Fantasy III
-F-ZERO
-Kirby Super Star
-Kirby’s Dream Course
-The Legend of Zelda: A Link to the Past
-Mega Man X
-Secret of Mana
-Star Fox (Starwing na Europa)
-Star Fox 2
-Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting
-Super Castlevania IV
-Super Ghouls ’n Ghosts
-Super Mario Kart
-Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars
-Super Mario World
-Super Metroid
-Super Punch-Out!!
-Yoshi’s Island

Quanto aos 21 títulos que vêm na memória da mini consola: apesar de se tratar de um modelo cómodo, também pode ser um contra. A nova versão da consola não permite inserir os cartuchos de jogos antigos nem adicionar mais ficheiros ao sistema. Uma falha, numa era em que facilmente emulamos jogos da Super Nintendo até nos smartphones (e sobretudo em títulos como “Mario Paint” ou “Dragon Ball Z: Hyper Dimension”, que funcionaram muito bem com a antiga SNES e tiraram horas de trabalho a este e outros artigos)

Apesar disto, a escolha de jogos a incluir na biblioteca desta mini consola parece acertada, contando com as muitas cedências que tiveram de ser feitas para a lista final (seríamos os únicos a jogar “Aladino”, Nintendo?). Mas faltam mais hipóteses para dois jogadores. Tirando o “Mario Kart”, o “Contra III” e, obviamente, o “Street Fighter II”, o que sobra para dois jogadores não é o mais interessante.

Além dos clássicos, há espaço para um jogo quase-novo: “Star Fox 2”, que até agora só tinha sido lançado no Japão. Depois de jogarmos a primeira missão do “Star Fox” (que na Europa foi lançado como “Starwing”) para se desbloquear este jogo extra, percebemos porque é que só foi lançado no Japão. Resumidamente, imaginem um jogo 2D que quer ser 3D e por isso acaba só por ser enjoativo. Pode ter sido da televisão ou por não termos o “espírito retro” certo, mas rapidamente voltámos a um combate de “Street Fighter”.

21 fotos

A mini consola

Jogos e sistema de parte, é no físico que a mini SNES deslumbra. Ajuda termos a “nossa” versão PAL, a lançada na Europa e Japão (a versão americana, a NTSC, é roxa e menos colorida). Nos anos 90 era comum as consolas terem aspetos diferentes entre continentes.

O plástico , o botão de reset e o botão de on/off fazem os “cliques” que continuam na memória de muitos. Apesar de estarem desenhados, tanto a entrada de cartuchos como o botão de ejectar são fixos, cumprindo apenas um propósito estético.

A nível de entradas, a mini SNES tem apenas HDMI e micro USB para ter energia (até com um carregador de telemóvel universal é possível pô-la a funcionar, para quem não tem entrada de USB na televisão). A consola vem com um cabo HDMI e um cabo micro USB-USB, mas sem fonte de alimentação. A entrada de conexão para comandos é diferente da antiga SNES (como a mini-NES já faz). É através de uma pequena patilha que se revelam as entradas dos comandos para não estragar o “design”. A opção é esteticamente interessante e não destoa a jogar. Para quem quer a consola para exposição ser ter os comandos ligados, foi uma boa solução utilizada pela Nintendo.

rabo snes

A mini SNES apenas tens duas entradas e liga por HDMI, já a Nintendo original tem opções mais “datadas”.

Os comandos

Apesar de a consola ter sido recuperada em ponto pequeno, os comandos mantêm a escala (e toque) originais. No premir dos botões, na ergonomia e no material, são iguais aos comandos que vinham com a Super Nintendo há um quarto de século. Mesmo sendo uma cópia dos anos noventa, sentem-se novos e confortáveis nas mãos (os comandos da SNES foram dos primeiros a ser verdadeiramente ergonómicos em comparação com os paralelipípedos da primeira Nintendo). Os cabos não são tão compridos como os originais, o que é pena (já não estamos habituados a jogar sentados no chão…).

snes comparação cabos

O comando original (acima) tem um cabo bastante mais longo que a réplica agora lançada.

A mini SNES vem com dois comandos, ao contrário da mini NES que obrigava a comprar outro à parte. Isso também faz com que seja mais cara. Mas a verdadeira graça desta consola está em jogar com amigos e família. No entanto, os comandos não nos vão deixar de fazer sentir o passar dos anos.

snes frente

Apesar de os comandos serem idênticos, as entrada para o comando da mini NES se conectar à consola é diferente do original.

Veredito final

Para quem cresceu com a Super Nintendo — e já não tem uma com jogos a funcionar na arrecadação — esta reedição mini é o presente ideal. O problema: o preço de 90 euros concorre com consolas originais em segunda mão mais baratas e que oferecem a experiência nostálgica completa. Vem com dois comandos, mas o número de jogos claramente devia ser maior. Mesmo assim, a facilidade em ligar a qualquer televisão e a qualidade do produto, fazem da mini Super Nintendo uma ótima viagem aos anos noventa.

Só resta uma pergunta: para o ano há a mini Nintendo 64?

cartuchos e mini snes

Os cartuchos de jogos da Super Nintendo original são praticamente do tamanho na mini SNES, não podendo ser usados nesta