O voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu há quase quatro anos e desde então pouco ou nada se descobriu sobre o paradeiro do Boeing 777 e dos 239 passageiros e tripulantes. Um relatório final do governo australiano, que dá a investigação como “concluída”, diz que a falta de respostas é “uma grande tragédia” e “inconcebível e inaceitável” nos tempos modernos.
O avião Boeing 777 tinha partido de Kuala Lumpur com destino a Pequim a 8 de março de 2014, mas desviou-se do percurso aos 38 minutos de voo, altura em que saiu dos radares e continuou a voar por pelo menos mais 7 horas – não se sabe é em que sentido. Apesar daquela que foi a maior e mais cara investigação e busca submarina, o destino do avião e dos seus passageiros continua um mistério.
Muito detalhe e poucas respostas – é a conclusão do relatório divulgado esta terça-feira. O documento (acessível aqui) dá detalhes aprofundados quanto às operações de busca mas falha em trazer novas provas relativamente ao MH370. A investigação só será reaberta se surgirem novas (e credíveis) provas.
Continua a ser uma grande tragédia e nós desejamos que tivéssemos conseguido dar um fecho aos que sofrem em luto”, escreveu o chefe do Gabinete de Segurança dos Transportes Australianos (GSTA), Greg Hood. “Espero, contudo, que tenham algum conforto em saber que fizemos tudo o que podíamos para encontrar respostas”.
Já as operações de buscas tinham sido suspensas em janeiro, altura em que o governo australiano colocou em ação um plano de buscas submarinas com recurso a um sonar de 160 milhões de dólares australianos (cerca de 106 milhões de euros) numa área de 120 mil quilómetros quadrados de oceano, que corresponde ao tamanho da Grécia.
Ainda assim, e apesar de não ter sido encontrado qualquer vestígio do avião, a busca permitiu eliminar um grande pedaço de oceano da lista de possíveis paradeiros. O relatório da GSTA diz isso mesmo: a noção da localização do MH370 “está agora mais completa do que alguma vez esteve”.
A busca submarina eliminou algumas das zonas de maior probabilidade indicadas pela reconstrução do percurso do avião e pelos destroços encontrados nos últimos anos”, explicam.
Após a essa busca, uma nova análise das imagens de satélite limitaram a provável localização do avião a uma área de menos de 25 mil quilómetros quadrados (mais pequena que a Bélgica).
A investigação ao que terá acontecido ao voo da Malaysia Airlines é já o maior mistério da aviação que não ficou resolvido, apesar dos esforços conjuntos de países como a China, Índia, Estados Unidos e Austrália.
Quanto ao que terá provocado o desaparecimento do avião, o relatório explica que não se podem “magicar” teorias até se encontrar o avião e que todos os motivos podem ainda ser válidos.
A especulação popular aponta para a teoria de que os pilotos – Zahare Ahmad Shah e Fariq Abdul Hamid – teriam orquestrado uma sabotagem. Sabe-se que, aparentemente, os equipamentos de comunicação foram desligados, particularmente o transmissor de rádio que poderia ser usado para comunicar em código em caso de emergência. Outras teorias falam em falha elétrica, terrorismo, fogo, ou até despressurização do cockpit e do avião: algo que teria morto todos os passageiros e deixado o avião à deriva.
Sem respostas certas, “é inconcebível e inaceitável que na era da aviação moderna, com 10 milhões de passageiros por dia, que um grande avião comercial desapareça e que ninguém no mundo saiba com toda a certeza o que aconteceu a esse avião e a quem estava a bordo”, lê-se no relatório.