Centenas de familiares e amigos dos passageiros do voo MH370 da companhia aérea Malaysia Airlines, que desapareceu dos radares aéreos e nunca chegou ao destino, prestaram este domingo homenagem aos passageiros desaparecidos, apelando e pedindo às autoridades para que as investigações sobre o paradeiro do aparelho sejam retomadas.

Esta semana assinala-se, no dia 8 de março, o 10º aniversário do desaparecimento do avião. Apesar de já terem sido encontrados destroços, o paradeiro da aeronave permanece um dos maiores mistérios da aviação.

A homenagem teve lugar em Kuala Lumpur, capital da Malásia e cidade de onde partiu o voo. Acenderam-se 279 velas, uma por cada passageiro a bordo.

Quem compareceu na cerimónia tem uma vontade comum: as famílias querem uma conclusão para a tragédia. Para além de homenagear, os familiares e amigos das vítimas reiteraram a sua vontade de verem as buscas retomadas, segundo os mesmos, pela salvaguarda da segurança da aviação.

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“Estamos a fazer isto pelo futuro da aviação. O voo MH370 não é história, é o futuro da segurança da aviação de cada vez que descolamos para os céus.”, disse Grace Nathan, cuja mãe se encontrava a bordo. “Eu continuei a minha vida, mas não segui em frente”.

É “inconcebível e inaceitável” que não se saiba nada do voo MH370

“Todos os anos revivemos a chamada agonizante da Malaysia Airlines a contar-nos que o voo tinha desaparecido”

Ao The Guardian, Jacquita Gonzales, mulher de um supervisor de bordo, sublinhou que a data nunca passa despercebida: “Como se tivesse sido ontem. Todos os anos (…) revivemos a chamada agonizante da Malaysia Airlines a contar-nos que o voo tinha desaparecido.”

“A única maneira de resolver isto é encontrar o avião. É por isso que é importante continuar a investigar. Não deixem que permaneça um mistério”, afirmou no evento de homenagem, que teve lugar a cinco dias de se assinalar uma década do desaparecimento.

Ao longo dos anos, tem sido posta em causa a intenção de o governo encontrar o avião, depois de várias insistências para que as buscas, cuja última tentativa foi em 2018, sejam retomadas.

“Simpatia e solidariedade vinda de quem está no poder significa alguma coisa se, e só se, vier acompanhada de ações que procurem apaziguar a dor das pessoas. (…) Queremos ver ação”, reforçou um homem cuja mulher está entre os desaparecidos.

Ministro comprometeu-se a tentar retomar as buscas

A Malásia considerou ser possível retomar as buscas pelo voo MH370 no sul do oceano Índico, onde se acredita que o avião da Malaysia Airlines tenha caído em 2014.

“Se a Malásia estiver comprometida em encontrar o avião… os custos não são um problema”. Segundo a agência Bermana, Loke prometeu tentar convencer o resto do governo a retomar as diligências.

O ministro dos Transportes malaio, Anthony Loke Siew Fook, disse, no domingo, que a empresa de tecnologia norte-americana Ocean Infinity propôs uma nova busca privada, sem custos para a Malásia caso o avião não seja encontrado.

Em 2018, a empresa dos Estados Unidos procurou em mais de 96.000 quilómetros quadrados (37.000 milhas quadradas) de mar vestígios do MH370.

Anthony Loke indicou ter convidado a Ocean Infinity para uma reunião, durante a qual poderão analisar novas provas que a empresa diz ter encontrado sobre a possível localização do avião.

O ministro disse que, se as provas forem credíveis, vai pedir autorização ao Governo da Malásia para assinar um novo contrato com a Ocean Infinity para retomar as buscas.

O avião partiu a 8 de março de 2014 do aeroporto de Kuala Lumpur em direção a Pequim, onde nunca chegou a aterrar. A bordo seguiam 239 passageiros, de 15 nacionalidades diferentes, a grande maioria chinesa.

As operações de busca lideradas pela Austrália percorreram 120 mil quilómetros quadrados no sul do oceano Índico e custaram 200 milhões de dólares australianos (123,4 milhões de euros).

Os detritos que deram à costa na zona ocidental no oceano Índico foram confirmados como sendo do Boeing 777 desaparecido e indicaram uma vasta extensão do oceano onde o avião provavelmente caiu, depois de ficar sem combustível.

Em 2023, o desaparecimento do vôo deu origem a um documentário na Netflix, intitulado “Vôo MH370 — O avião que desapareceu”. Vários familiares das vítimas fizeram parte do projeto, numa nova tentativa de obter respostas.

Ao longo dos quase 10 anos de mistério, muitas teorias foram feitas, mas a pergunta ainda se coloca: onde está o voo desaparecido da Malaysia Airlines?

As teorias da conspiração sobre o desaparecimento do MH370