Kim Jong-un promoveu a irmã mais nova ao politburo, o órgão mais importante de tomada de decisão no Partido dos Trabalhadores da Coreia. A jovem Kim Yo-jong, soube-se este fim de semana, vai substituir a tia neste alto cargo da máquina norte-coreana e fortalecer a hegemonia da família Kim na Coreia do Norte.
Coreia do Norte. Kim Jong-un promove irmã para cargo de poder
Mas quem é Kim Yo-jong? A benjamim da dinastia Kim tem sido reforçada pela imprensa internacional como o cérebro por detrás da imagem pública cuidadosamente construída por Kim Jong-un. Apesar de não se saber ao certo a idade de Yo-jong, calcula-se que terá perto de 30 anos e que é quatro anos mais nova do que o líder norte-coreano. Era raro aparecer em público até 2010, o ano de viragem: surgiu numa conferência do Partido dos Trabalhadores e era presença regular na comitiva do pai, o então líder Kim Jong-il. No funeral do pai, em 2011, foi uma das figuras em destaque.
Teve de esperar até 2014 para que a imprensa realmente reparasse nela. Acompanhou o irmão durante as eleições para a assembleia popular suprema e chegou a ser indicada como a real responsável por todos os assuntos de Estado quando Kim Jong-un teve um problema de saúde em outubro desse ano. Desde aí, e beneficiando largamente da subida do irmão ao poder, tem sido vista em visitas oficiais a campos agrícolas e outros eventos públicos.
A promoção tornada pública este domingo ilustra a total confiança que Kim Jong-un deposita na irmã mais nova e cimenta a sua posição enquanto segunda mulher mais poderosa da Coreia do Norte: logo depois da mulher do líder, Ri Sol-ju. Kim Yo-jong foi designada vice-presidente do departamento de propaganda do partido da família no final de 2014 e usou essa posição para criar um fenómeno de culto da personalidade do irmão, representando-o como um homem benevolente, um líder acessível, modelado em larga escala pela memória do avô, o fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung.
Ela – não Kim Jong-un – é referida como a cabeça pensante por detrás das visitas do irmão a parques temáticos, escolas e às próprias casas da população; assim como a moderação da atípica amizade com a antiga estrela da NBA Dennis Rodman.
Uma vida de segredos e privilégios
Tal como acontece com todos os outros membros do regime, é quase impossível obter informação verosímil sobre a vida de Kim Yo-jong. A maior parte dos testemunhos afirmam que completou a escola primária em Berna, na Suíça, no final dos anos 90 – tal como o irmão – e que prosseguiu os estudos até ingressar no curso de Ciência Computadorizada na Universidade Kim Il-sung, em Pyongyang. O site North Korea Leadership Watch refere que os irmãos viviam numa residência privada, rodeados de guarda-costas, e que o pai tentou amenizar o seu isolamento ao enviar músicos norte-coreanos para a Suíça para lhe fazerem companhia.
Nada se sabe sobre a vida de Yo-jong desde que terminou o curso até 2007, quando começou a desempenhar um papel quase inexistente no partido da família. Ao que tudo indica, casou em 2015 com Choe Song, o filho do vice-presidente do Partido dos Trabalhadores, e teve um filho em maio desse ano. Também este fim-de-semana, Choe Song foi promovido à comissão militar do partido.
Apesar de ser um nome desconhecido para a Europa, Kim Yo-jong não escapa aos radares dos serviços secretos norte-americanos, que em janeiro a colocaram numa lista de pessoas a ter em conta no que toca a “grave violação dos direitos humanos”.
Kim Yo-jong e Kim Jong-un são filhos da mesma mãe e do mesmo pai: algo raro na família Kim. Esta promoção é relevante principalmente porque, tal como já fez questão de demonstrar, os laços familiares não são muito importantes para o líder norte-coreano vigente. Em 2013, ordenou a execução do tio, Jang Song-Thaek, e permanecem as suspeitas sobre o seu envolvimento no homicídio no meio-irmão, Kim-Jong nam.
Coreia do Sul defende tese de que foi Kim Jong-un que “ordenou” a morte do irmão