A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, alertou esta sexta-feira que as ajudas devido aos incêndios não podem esperar pelo orçamento de 2018 e que devem chegar ainda este ano.
Há aqui várias urgências e não podemos ficar à espera de janeiro de 2018, de alterações no Orçamento e de alterações na tutela, que são necessárias e essenciais e para as quais o BE está a trabalhar, mas é preciso já, rapidamente, colocar o apoio junto das pessoas”, afirmou, em declarações aos jornalistas.
Falando em Castelo de Paiva, onde visitou uma fábrica de calçado destruída, no domingo à noite e na madrugada de segunda-feira pelo incêndio que lavrou no concelho, a dirigente insistiu na urgência das ajudas chegarem ao terreno.
“Há apoios sociais que têm de ser dados e que têm de estar no terreno. Tem de se fazer um esforço sobre o Estado para dar essa resposta. Quando acontece uma coisa deste tamanho, o Estado tem de fazer mais esforço”, acrescentou.
A coordenadora do BE encontrou naquele concelho ribeirinho do Douro, do norte do distrito de Aveiro, um ambiente desolador, marcado por um cheiro intenso a terra queimada e vastas áreas ardidas, incluindo as que rodeavam a fábrica, onde aguardavam as trabalhadoras, cabisbaixas, com expressões de preocupação e algumas chorando abraçadas às colegas.
Catarina Martins foi recebida à porta da fábrica pelas operárias que temem ficar desempregadas, porque a unidade está inoperacional. À chegada, a dirigente ouviu o empresário dizer que, se não houver ajudas, não tem meios para retomar a atividade e para aguentar os postos de trabalho, frisando que só em maquinaria o prejuízo ascende a cerca de 1,5 milhões de euros.
A propósito daquele caso, Catarina Martins recordou que o país precisa de repor os empregos e a capacidade produtiva que perdeu com os incêndios deste ano. Caso tal não ocorra, alertou, penalizar-se-á quem já perdeu tudo, porque fica sem trabalho, e promove-se o abandono do território. Referiu, por isso, a necessidade de ativar “com urgência” os apoios à economia.
Assinalou depois que o próximo Conselho de Ministros, marcado para sábado, “tem de ter soluções muito concretas e práticas para o imediato”, acrescentando: “Tem de ter, esperamos nós, uma reformulação da própria estrutura de defesa da floresta e de proteção civil que nos faça encarar o futuro de uma outra forma e começar a resolver os problemas estruturais com que o país se tem deparado”.
A fábrica de calçado que Catarina Martins visitou na localidade de Raiva, Castelo de Paiva, labora desde 2010 e dava emprego a cerca de 70 trabalhadores, quase todos do sexo feminino. A unidade fabril estava a produzir cerca de 490 pares de sapatos por dia e, segundo o empresário, as perspetivas para os próximos meses eram “muito boas”.
O presidente da Câmara, Gonçalo Rocha, acompanhou Catarina Martins na visita e prometeu às trabalhadoras que a autarquia tudo fará para ajudar a encontrar uma solução. Aos jornalistas, referiu que os incêndios destruíram várias empresas do concelho, pondo em risco cerca de 200 postos de trabalho. Disse também que as chamas destruíram 15 habitações e desalojaram 34 pessoas.
Aludindo à gravidade económica e social de uma situação que destruiu cerca de 80% da floresta do concelho, o autarca apelou à urgência dos apoios e pediu ao Governo para que seja criado um plano especial para Castelo de Paiva que ajude a acorrer aos vários problemas.