Ninguém sabe muito bem o que vai acontecer na Catalunha. Apenas temos noção que, a partir desta sexta-feira, as cartas ficaram todas em cima da mesa: depois de avanços e recuos, o Parlamento regional declarou a independência da região no seguimento dos resultados do referendo de 1 de outubro; cinco horas depois, o artigo 155 estava acionado e o Governo liderado por Mariano Rajoy afastou o executivo da Generalitat, dissolveu o Parlamento e marcou eleições antecipadas para 21 de dezembro. E essa medida afetou… a irmã de Pep Guardiola.
O antigo jogador e treinador do FC Barcelona, que hoje comanda o Manchester City, líder da Premier League, tem sido uma das vozes mais ativas no mundo do desporto a contestar o que se tem passado: primeiro saiu em defesa do referendo; depois mostrou-se incrédulo com as cenas de violência a 1 de outubro; a seguir, mostrou-se solidário com os Jordis (Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, líderes da ANC e da Omnium Cultural que estão em prisão domiciliária); por fim, revelou-se contra as atitudes do Governo liderado de Mariano Rajoy. Ainda assim, continua com o seu emprego (onde é bem sucedido). Ao contrário de Francesca.
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Licenciada em Filologia e Literatura catalã na Universidade de Barcelona, começou a ter alguma preponderância no plano político quando foi nomeada por Artur Más para subdiretora das Relações Externas da Generalitat, em 2011. Quatro anos depois, já com Puigdemont à frente da Generalitat, subiu a diretora geral; agora, era delegada catalã em Copenhaga, uma espécie de embaixada catalã que abrangia todos os países nórdicos.
No entanto, esta escolha, que tem como principal objetivo encontrar aliados externos no processo de independência, acabou por levantar alguma polémica, sobretudo porque nunca se percebeu se foi por concurso, nomeação ou mera escolha. Segundo o La Razón, o vencimento de Francesca Guardiola não é conhecido em termos públicos, mas a publicação estimava que rondasse os 85 mil euros, mais do que… Mariano Rajoy. O InterEconomia escreveu esta semana (até de forma crítica, acrescente-se) que, em 2015, tinha recebido quase 81 mil euros.
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Agora, como explica a Marca mostrando o Boletim Oficial do Estado deste sábado, a irmã de Guardiola foi destituída como embaixadora da Generalitat na Dinamarca, algo transversal a todos os que ocupavam essas funções no estrangeiro à exceção de Bruxelas. A “aventura” de Francesca na Dinamarca durou oito meses.
O ABC faz também o inventário das outras delegações que ficarão sem representante, onde se inclui também Portugal além de França; Reino Unido e Rep. Irlanda; Alemanha; Estados Unidos, Canadá e México; Áustria; Itália; Croácia; Polónia; e Genebra.