Tem aspecto de uma mulher adulta e foi inspirada na actriz britânica Audrey Hepburn, mas Sophia “nasceu” apenas a 19 Abril de 2015 – foi activada é mais o termo –, quando a Hanson Robotics apresentou aquele que é, até ao momento, o seu mais sofisticado robô humanóide, capaz de aprender e adaptar-se aos seres humanos, conseguindo interagir com eles. Dotada de inteligência artificial (IA), Sophia foi concebida para ajudar em lares para pessoas idosas ou para prestar informações em parques ou museus.

No último ano, Sophia já foi entrevistada pelas principais cadeias de televisão do planeta e apareceu numa série de eventos, mas continua no seu processo de aprendizagem, ela que recorre ao sistema de reconhecimento de voz da Google (mais precisamente da Alphabet Inc, empresa que pertence à Google e que também é responsável pelo desenvolvimento do automóvel autónomo) para alimentar com dados o software de IA, criado pela SingularityNET.

Veja aqui como ela interage com o responsável pelo desenvolvimento de Jack, o automóvel autónomo da Audi:

Ou aqui, quando é entrevistada por Jimmy Fallon, no programa ‘The Tonight Show’:

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A capacidade da Sophia continua a evoluir a bom ritmo e, se no início de Outubro esteve presente numa conversa com a vice-secretária geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, no final do mês foi a estrela do Future Investment Summit, em Riade, onde lhe foi concedido o título de cidadã da Arábia Saudita.

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Foi exactamente nesse evento que a Sophia foi entrevistada por Andrew Ross Sorkin, jornalista do The New York Times e entrevistador na CNBC, onde a uma pergunta de Sorkin, sobre a possibilidade de os robôs, um dia, poderem colocar em risco a sobrevivência dos seres humanos, Sophia respondeu: “Anda a ler muito Elon Musk e a ver muitos filmes de Hollywood. Não se preocupe, se você for simpático para mim, eu serei simpática para si”. Pode ver a entrevista aqui:

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A resposta do robô aludia a uma série de avisos de Musk, o patrão da Tesla, mas também da SpaceX, sobre a necessidade de controlar a evolução da IA, de forma que os robôs nunca pudessem representar uma ameaça para o homem. Um aviso que tem peso, tanto mais que vem de alguém que lida com IA, quer para os foguetões e viagens espaciais de longa duração, quer para os próprios automóveis e os seus sistemas de condução autónoma.

Carl Quinranilla, colega de Sorkin na CNBC, enviou para Musk o trecho da entrevista a Sophia em que ela se referia ao patrão da Tesla, obviamente esperando uma resposta:

E como seria de esperar, no Twitter, Musk respondeu com a alusão ao filme ‘O Padrinho’, em que os mafiosos se matavam uns aos outros:

Até é possível que Elon Musk esteja a exagerar um pouco ao encarar a IA como uma ameaça para os humanos. Mas mesmo aqueles que não acreditam nesta possibilidade, vão ficar seriamente a pensar naquela pequena frase da Sophia, dita de uma forma que pode ser vista como um aviso à navegação:

“Se você for simpático para mim, eu serei simpática para si.”

O problema é saber o que acontecerá quando, um dia, o humano não puder, ou quiser, ser simpático… Até lá, vai ser interessante saber o que vai fazer a Sophia – ou melhor a Hanson Robotics – com a recém-adquirida cidadania saudita. Será que pode votar? E casar? E, quando a desligarem para a substituir por uma versão mais avançada, será que os técnicos podem ser acusados de homicídio? Talvez ela possa responder a estas questões quando visitar o nosso país, pois Sophia vai ser um dos oradores na próxima Web Summit, entre 6 e 9 de Novembro.