Nos últimos dias o telefone de Martin Schulz, líder dos sociais-democratas alemães do SPD, não tem parado de tocar. De acordo com o Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), uma das pessoas que tem telefonado regularmente ao ex-presidente do Parlamento Europeu é Emmanuel Macron, Presidente de França.
“Ao fazê-lo”, escreve o jornal alemão, “Macron fez campanha para Schulz apoiar as reformas europeias no Governo”. Ou seja, o Presidente francês “vê Schulz como uma oportunidade” para fazer avançar a sua agenda europeia dentro do Executivo alemão. Mas para isso, o social-democrata tem de aceitar a formação de uma grande coligação com a CDU/CSU de Angela Merkel para formar Governo — um cenário que Schulz tinha rejeitado, mas que parece agora voltar a estar em cima da mesa.
Macron não foi o único líder europeu a pressionar Schulz para que considere negociar com Merkel. De acordo com o mesmo jornal alemão, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras enviou ao social-democrata alemão um SMS onde lhe pedia para entrar no Governo alemão, a fim de colocar “uma agenda progressista na mesa da Europa”. Na mensagem Tsipras recordava a Schulz que “uma posição verdadeiramente de esquerda e progressista não é manter a sua identidade tão limpa quanto possível, mas sim lutar por mudanças e reformas reais”. “Estou certo de que tomará a decisão certa”, acrescentou o grego.
Negociações para formar coligação suspensas
As negociações para formar Governo na Alemanha entre a CDU/CSU, os Verdes e os Liberais colapsaram este mês, depois de dois meses de reuniões. Tendo em conta o cenário, e depois de o Presidente Frank-Walter Steinmeier ter pressionado os partidos, o SPD aceitou ouvir o que Angela Merkel tem para dizer. Na passada sexta-feira, os dois líderes estiveram reunidos.
No entanto, o SPD e a CDU ainda não entraram oficialmente em negociações para formar uma grande coligação. Os dois partidos estiveram coligados no último mandato, mas Schulz recusou, na sequência dos resultados eleitorais de setembro, voltar a sentar-se à mesa com os conservadores. “Deixem-me ser claros: não entrarei num Governo liderado por Angela Merkel”, disse à altura.
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Agora, Martin Schulz alterou ligeiramente a sua posição, estando disposto a ouvir o que a ex-chanceler tem para lhe dizer. Mas o braço-de-ferro entre os dois partidos continua: “A CDU não pode chegar aqui e exigir ao SPD que concorde, no período mais rápido possível, em formar um novo Governo”, alertou este domingo Malu Dreyer, membro do SPD, ao jornal Die Welt. O vice-presidente do partido, Ralf Stegner, disse inclusivamente à mesma publicação que as negociações poderiam apenas começar em janeiro.
Esta sexta-feira, Schulz admitiu em entrevista à revista Der Spiegel que “ainda está por definir se e quando formaremos governo”. Sublinhou, contudo, que o importante em quaisquer negociações em que os sociais-democratas entrem será “dar uma resposta positiva a Emmanuel Macron” e à sua proposta de “refundação da Europa”.
