A juíza do “caso Ronaldo” – aberto depois da divulgação dos documentos Football Leaks que revelaram fuga ao fisco espanhol – quer saber a identidade do assessor do jogador português que participou na criação e constituição da sociedade Tollin, uma offshore localizada nas Ilhas Virgens Britânicas através da qual Cristiano Ronaldo cobrou todos os seus direitos de imagem (sem, alegadamente, ter pago os respetivos impostos em Espanha).
O El Mundo, que teve acesso aos autos da juíza Mónica Gómez Ferrer, que indica que uma vez encontrada a identidade do assessor, o objetivo é atribuir-lhe a responsabilidade – em conjunto com Cristiano Ronaldo – de quatro delitos fiscais e fraude no valor de 14,7 milhões de euros. O caso veio a público no passado dia 13 de junho, quando o Fisco espanhol abriu uma investigação ao jogador, no seguimento da análise dos documentos Football Leaks, obtidos primeiramente pela revista alemã Der Spiegel.
Mónica Gómez Ferrer chamou a tribunal o empresário de Cristiano Ronaldo, Jorge Mendes, o responsável pelos patrocínios, Luís Correia, e o advogado pessoal do jogador, Carlos Osório – todos na qualidade de imputados. Invocando a condição de cidadãos portugueses, os três pediram para prestar esclarecimentos através de vídeo-conferência, pedido a que a juíza acedeu. A magistrada insistiu na necessidade de interrogar os três homens de confiança de Ronaldo para, nas suas palavras, “determinar com precisão se participaram na criação e constituição da estrutura societária, criada como interposição de um sujeito passivo de um imposto diferente do obrigatório tributário real, sediado num país estrangeiro com a única intenção de se esconder da Agência Tributária espanhola”.
Mendes, Correia e Osório apresentaram recursos onde pediam para deixar de ser investigados. A juíza recusou os apelos sem grande explicações, declarando apenas que “o caso Ronaldo está em plena fase de investigação”. Ainda assim, e apesar de admitir que o processo ainda se encontra numa fase preliminar, Gómez Ferrer revela que o principal foco está no único dos três homens que tem conhecimentos jurídicos – o advogado Carlos Osório.
No auto em que rejeita os três recursos, a juíza espanhola sublinha que o próprio Cristiano Ronaldo mencionou em interrogatório que “Osório é a pessoa que supostamente se encarregava de o assessorar fiscal e legalmente”.