O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou este domingo que constatou na Colômbia que há um “compromisso total” do Governo e da ex-guerrilha das FARC para “a construção da paz”.

“Todos sabemos que um processo de construção da paz não é fácil, todos sabemos que há sempre dificuldades, obstáculos e até alguns boicotes. Há imperfeições e atrasos, mas para mim foi muito claro o compromisso total” das duas partes, disse Guterres, durante uma visita a Buenavista, uma comunidade do município de Mesetas, no centro do país.

Guterres, que se encontra em visita oficial à Colômbia, visitou o município de Mesetas para conhecer uma área em que estão a receber formação ex-combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para a sua reintegração na sociedade e para se inteirar dos problemas da comunidade, bastante afetada pelo conflito armado.

O Governo colombiano e as FARC assinaram em novembro de 2016 um acordo de paz para pôr fim a mais de cinco décadas de conflito. O acordo determinava a transformação da antiga guerrilha em partido político, e definia, depois de concluído o desarmamento, um processo de integração dos antigos guerrilheiros na sociedade.

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No discurso que fez na ocasião, Guterres destacou que apesar dos impedimentos e “de todas as dificuldades, problemas, atrasos e imperfeições” o compromisso com a paz “é um feito histórico”, não só para a Colômbia, mas para a América Latina e o mundo, onde “continuam, infelizmente, tantos conflitos sem sentido”.

O dirigente da ONU, que no sábado se reuniu com o Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, com vários membros do Governo e com dirigentes do partido Força Alternativa Revolucionária Comum (FARC), designação da antiga guerrilha, considerou que falta mais coragem para fazer a paz do que para fazer a guerra.

Para Guterres, a paz é “uma enorme oportunidade” para que o “Estado esteja presente em todo o território da Colômbia”, não apenas para exercer “presença administrativa e segurança” mas também para que haja educação, saúde e infraestruturas, que são “garantia de acesso dos produtores agrícolas aos mercados”.

“Essa é a essência da presença do Estado. Não há paz sem desenvolvimento, não há paz sem a possibilidade de criar condições de prosperidade para as comunidades”, disse Guterres.