A ex-Presidente do Brasil Dilma Rousseff disse esta terça-feira em Porto Alegre que o “golpe” que determinou o fim do seu mandato agora quer “destruir” e “aniquilar” o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que quarta-feira enfrenta um julgamento por corrupção.

“O golpe foi orquestrado para me destruir e o Partido dos Trabalhadores (PT), mas acima de tudo para destruir o nosso líder, Luiz Inácio Lula da Silva”, disse Dilma Rousseff, em Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul num ato organizado mulheres ligadas a movimentos sociais e partidos de esquerda.

Dilma Rousseff saiu em defesa de Lula da Silva e denunciou a existência de uma conspiração para, disse, “aniquilá-lo da face da terra”, entre aplausos de dezenas de apoiantes.

A ex-Presidente acrescentou que a sua destituição em 2016, realizada pelo Congresso do Brasil que a condenou por irregularidades na gestão dos orçamentos, era apenas a “primeira etapa” de um “golpe” orquestrado por “um grupo de usurpadores que se reuniram para remover os direitos do povo brasileiro”.

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Sem mencionar diretamente o atual chefe de Estado, Michel Temer, Dilma Rousseff criticou as reformas liberais empreendidas pelo que era então seu vice-Presidente o que, na sua opinião, foi o “segundo ato” do “golpe”.

Esse suposto plano para liquidar 13 anos de governo pelo Partido dos Trabalhadores (PT) será concluído, de acordo com a antiga chefe de Estado com a “perseguição” nos tribunais a Lula da Silva, que tem sete processos abertos na Justiça, a maioria por suspeita de corrupção, e já tem foi condenado a nove anos e meio de prisão num deles.

“É um processo de perseguição política. A acusação não tem fundamento”, afirmou ela quando a sentença de nove anos e meio de prisão foi decretada em julho pelo juiz Sérgio Moro, que tutela os processos da operação Lava Jato, que investiga casos de corrupção na petrolífera estatal Petrobras.

Na quarta-feira, três juízes da Oitava Secção do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), de Porto Alegre, vai decidir se ratifica ou anula a sentença contra Lula da Silva, acusado de ter recebido da empresa de construção OAS um tríplex na cidade do Guarujá em troca de favorecer os contratos da empresa com a Petrobras.

Se a sentença for ratificada, a eventual candidatura de Lula da Silva nas eleições presidenciais de outubro próximo poderá ser inviabilizada, embora a decisão final ainda tenha que ser tomada pela lei eleitoral.

O líder carismático da esquerda brasileira, que tem repetidamente expressado o desejo de concorrer às eleições, lidera todas as pesquisas de intenções de voto publicados até hoje.

“Lula [da Silva] está sendo condenado, mas é um homem inocente”, considerou Dilma Rousseff.

No mesmo evento, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou que “há apenas uma possível sentença aceitável: a absolvição de Lula da Silva”.

Porto Alegre recebe esta terça-feira vários eventos em defesa de Lula da Silva, que culminarão com uma cerimónia em que o próprio ex-Presidente vai participar e marchar ao longo de dois quilómetros e direção a um acampamento onde apoiantes estão em vigília.

Paralelamente, há também algumas manifestações contra Lula da Silva.