Os cantoneiros de limpeza da cidade de Paris alertaram a câmara municipal de Paris para aquilo que consideram ser uma praga de ratos. Os trabalhadores alegam que a sua integridade física está em risco devido a uma alta agressividade dos roedores, que se tornaram imunes a veneno e estão contaminados com parasitas que podem ser perigosos para o homem.
Um dos “lixeiros” da capital francesa captou um vídeo entre Musée d’Orsay e Pont Royal, uma área altamente turística , em que mostra um contentor do lixo repleto de roedores no passado mês de dezembro. Em entrevista ao Le Parisien, que divulgou o vídeo, David, sob anonimato, descreveu a cena como tendo sido um “horror” e confessou que ele e os seus colegas acabaram por “esmagar” todos os ratos no camião do lixo.
“No ano passado temos visto uma proliferação de ratos nos arredores do rio Sena”, disse David ao jornal francês, considerando que a situação não era sustentável para “parisienses e turistas que visitam a cidade mais bonita do mundo”. O cantoneiro explicou ainda que os ratos são altamente agressivos, exemplificando com a história de um colega que foi atacado por um rato que “lhe saltou para a garganta e outro para o braço”. David afirmou que não tem conhecimento de “mordidas”, mas os trabalhadores não querem esperar até que “o drama aconteça”.
Em 2016, a infestação de ratos já era considerada um problema pelos parisienses, que se queixaram de que não conseguiam frequentar vários parques por culpa dos roedores. Agora, os “lixeiros” de Paris reclamam por medidas à câmara para “erradicar o problema” e alertam os restaurantes para que cuidem melhor do seu lixo, fonte de comida para os roedores.
A cidade de Paris já tinha tentado tratar da praga de roedores, fechando tampas de esgoto e vários parques, nos quais foram espalhados veneno e diversas armadilhas “amigas do ambiente”, escreve o The Telegraph. Em setembro, Paris investiu 1.5 milhões de euros em controlo de pestes, mas as medidas tiveram pouco impacto: estima-se que o número de ratos na cidade ronde os dois por cada habitante. Além disso, de acordo com um estudo, metade dos ratos parisienses são imunes a veneno e contém no seu organismo cerca de 16 parasitas, dos quais sete podem ser perigosos para o ser humano.
Em Paris também há quem seja contra a exterminação dos ratos: de acordo com o The Telegraph, cerca de 25 mil pessoas assinaram uma petição em setembro de 2017 para travar aquilo que dizem ser o “genocídio” de ratos. A responsável pela petição, Josette Benchetrit, psicóloga, considera que a “fobia a ratos é uma fobia social despropositada, tal como a fobia a aranhas”.
Benchetrit afirma que se se der ao rato uma “cauda farfalhuda” este “é um esquilo”, um animal de que se gosta. A psicóloga diz mesmo que os ratos são “bodes expiatórios” criados pela sociedade para serem “erradicados”.
O aumento do número de ratos em Paris tem sido atribuído devido à subida do nível das águas do rio Sena, que tem feito com que os roedores sejam obrigados a deslocar-se para a superfície.