O reflexo do aumento do preço do petróleo na subida dos combustíveis vai depender das taxas de câmbio, consideram analistas ouvidos pela Lusa, que recordam que a valorização do euro e da libra face ao dólar tem mitigado os impactos. Analistas contactados pela Lusa consideram que, apesar da subida do preço do barril de petróleo no início deste ano, a cotação deverá manter-se nos 70 dólares em 2018, um máximo desde dezembro de 2014.

Questionados sobre as consequências da evolução do preço para os consumidores, os analistas afirmaram que estas dependem do câmbio da moeda. “Teoricamente, qualquer subida do preço do crude poderá ter como consequência o aumento dos combustíveis, mas ter-se-á que incorporar também outra variável na equação, o câmbio”, referiu à Lusa o diretor-adjunto da Caixa – Banco de Investimento, Carlos Jesus.

Por seu lado, o diretor da banca ‘online’ do Banco Carregosa, João Queiroz, apontou que, “para o consumidor que aufere rendimentos em dólares, [esta variação] pode representar menor rendimento disponível, mas para o europeu dependerá da relação do euro face ao dólar, que tem funcionado como fator de imunização”.

“Ou seja, os incrementos do crude são mitigados pela apreciação do euro e da libra inglesa”, reforçou o especialista, concluindo que “a balança de transações tende a ser negativamente impactada pela via das importações, mas também dependente da variação do dólar”. Já na ótica do gestor da corretora XTB Eduardo Silva, “a consequência é total, principalmente em países como Portugal em que os impostos indiretos são esmagadores”.

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“O Governo introduziu o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos para compensar o petróleo a preços baixos, sendo que quando subisse seria revisto”, lembrou. Quanto aos impactos para as petrolíferas, Eduardo Silva disse que estas “beneficiam do aumento do preço, mesmo que o consumo possa cair ligeiramente”.

Também João Queiroz observou que, “apesar de o modelo [destas empresas] ser integrado — com a extração, refinação, distribuição e ‘marketing’ — e menos dependente das variações da cotação do crude”, o aumento do preço do barril de petróleo “pende para algum efeito positivo na margem de receita”.

Carlos Jesus ressalvou, contudo, que “as empresas com uma maior exposição ao negócio de exploração e produção de petróleo podem beneficiar mais de uma conjuntura de subida de preços do que as empresas integradas”.

O euro acumulou uma valorização próxima de 2% na semana passada e chegou a negociar acima dos 1,25 dólares, um máximo desde dezembro de 2014. No dia 25 de janeiro (últimos dados disponíveis), o preço médio de venda da gasolina 95 em Portugal foi de 1,549 euros por litro e o do gasóleo de 1,347 euros por litro, segundo dados da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG).