A publicação alemã Autobild levou a cabo um ensaio comparativo que envolveu oito veículos movidos 100% a electricidade. Ao Renault Zoe 40, o mais vendido na Europa (único continente onde é comercializado), juntaram-se o Opel Ampera-e, os VW e-Golf e e-up!, os coreanos Kia Soul e Hyundai Ioniq, o Smart Fortwo Electric Drive e um furgão, o Nissan e-NV200. A particularidade do teste pressupunha condições particularmente severas, pelos parâmetros portugueses, mas não necessariamente pelos germânicos, onde o frio, nesta altura do ano, é uma constante.

Os oito modelos eléctricos percorreram 143 km com uma temperatura exterior que rondava 5ºC, o que desde logo retira uma fatia importante da autonomia aos veículos (estimada entre 20 a 30%). Depois, como se isto não bastasse, todos os modelos tinham o ar condicionado ligado e regulado para 21ºC e como a acção tinha lugar na Alemanha, onde não há limite de velocidade na auto-estrada, percorriam 43 km do percurso a uma média de 130 km/h, muito próximo pois do limite máximo para alguns dos modelos, o que levou a que alguns não conseguissem completar o trajecto.

O trabalho dos jornalistas é interessante, mesmo se enferma de alguns erros, no mínimo, curiosos. Primeiro notam-se as ausências do Nissan Leaf, que é “só” o eléctrico mais vendido do mundo e um dos mais apetecidos no Velho Continente, Alemanha incluída, e do BMW i3, que é também um dos que mais clientes atrai, no seu país de origem e fora dele. Depois, a presença de um só furgão (apenas um e, logo, sem base de comparação) não parece fazer muito sentido. Da mesma forma que não compreendemos a opção de obrigar os dois carros mais acessíveis e pequenos entre os presentes – eminentemente para uso citadino –, a circular quase um terço do percurso com o pé do acelerador a fundo, pois a sua velocidade máxima (130 km/h) era a obrigatória no troço de auto-estrada.

Considerações à parte, o trabalho dos jornalistas germânicos revelou algumas surpresas. A primeira foi que o Opel Ampera-e, a versão europeia do Chevrolet Bolt, com a maior bateria do segmento (60 kWh) e igualmente a maior autonomia anunciada, fica aquém das expectativas. Em vez dos 520 km que promete cumprir, segundo a norma NEDC, ou 380 km com base na mais realista WLTP, o Opel ficou-se pelos 273 km, com um consumo médio muito elevado (22 kWh/100 km).

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Se os valores do Ampera-e não impressionaram, tornaram-se ainda mais decepcionantes após a análise dos resultados do Renault Zoe, cuja bateria de 41 kWh lhe permitiu percorrer 244 km, com um consumo médio de 16,8 kWh/100 km. Tendo em conta que o Opel anuncia mais 120 km de autonomia segundo o NEDC e mais 80 km pelo WLTP, é no mínimo estranho que tenha revelado a capacidade de percorrer apenas mais 29 km em condições reais de utilização. Tanto mais que o preço do Opel é consideravelmente superior ao do Renault, apesar da semelhança ao nível das dimensões.

O terceiro eléctrico que vai mais longe é o VW e-Golf, cuja bateria de 35,8 kWh e um consumo médio de 17,2 kWh/100 km lhe conferem uma autonomia de 208 km nestas condições. O VW anuncia 300 km segundo o NEDC, menos 100 km do que o Zoe, e acaba por perder apenas 36 km de autonomia nas condições em que foram realizados os testes, o que não pode deixar de ser considerado um bom desempenho.

No ranking das autonomias, o seguinte foi o Hyundai Ioniq, com 192 km. A sua bateria tem apenas 28 kWh de capacidade, mas o carro coreano é o mais leve entre os primeiros classificados, o que ajuda a explicar o consumo reduzido (14,6 kWh/100 km).

Imediatamente atrás classifica-se o Kia Soul, com 167 km de autonomia e 18 kWh/100 km de consumo, seguido do Nissan e-NV200 (101 km e 23,8 kWh/100 km), Smart Fortwo Electric Drive (84 km e 21 kWh/100 km) e VW e-up! (79 km e 23,7 kWh/100 km).