“Foi-nos dito no ano passado que ele [Nikolas Cruz] não estava autorizado a entrar no campus de mochila“. O aviso veio através de um email enviado no ano passado pela administração da escola a alertar todos os professores para o comportamento do antigo aluno. Foi Jim Gard, professor de Matemática, quem revelou a existência desse email ao Miami Herald. “Houve problemas com ele [Cruz] no ano passado e acho que ele foi impedido de entrar no campus”, explicou ainda o professor.

“Se fosse para escolher uma pessoa que pudesses prever que, no futuro, fosse capaz de disparar uma arma numa escola, seria este miúdo“, disse John Crescitelli, que citava o seu filho, Daniel, um estudante da escola para onde os alunos foram levados, depois do tiroteio e onde Cruz também estudou. Não é o único estudante que já suspeitava de Cruz. Dada a sua personalidade, — “maluco por armas”, uma “espécie de marginal” que ““não tinha muitos amigos”, vários estudantes diziam que se alguma vez houvesse um tiroteio naquela escola, seria feito por ele.

[Veja no vídeo as imagens e sons do tiroteio. E a emoção em direto do especialista em contra-terrorismo da CNN]

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As declarações de professores e estudantes são semelhantes. “Todos podiam prever isto“, disse um estudante à WFOR-TV, acrescentando que “vários alunos faziam piadas” sobre a possibilidade de Cruz vir a ser o autor de um tiroteio naquela escola. Já o superintendente Robert Runcie, apesar de assumir que “podia haver sinais”, garantiu que não foram recebidos avisos “nem chamadas telefónicas, nem ameaças”. Mas houve um aviso, através do YouTube.

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A ameaça num canal do Youtube: “Eu vou ser um atirador profissional numa escola”

Há cinco meses, em setembro do ano passado, o FBI foi avisado por um youtuber. Por essa altura, Ben Bennight, de 36 anos, tinha recebido um comentário suspeito num dos vídeos que publicou: “Eu vou ser um atirador profissional numa escola”. A frase foi escrita por um utilizador chamado “nikolas cruz” — exatamente o mesmo nome do rapaz de 19 anos, acusado de 17 homicídios premeditados na Escola Secundária de Parkland, na Flórida.

O comentário do utilizador nikolas cruz (Foto: Ben Bennight/CNN)

O youtuber garantiu à CNN que informou as autoridades. Primeiro enviou um email com a captura de ecrã do comentário no seu canal no YouTube, para um endereço do FBI, que veio a descobrir que era inválido. Bennight acabou então por ligar para a polícia. Na manhã seguinte, as autoridades fizeram-lhe um interrogatório para tentar descobrir mais informações sobre o utilizador mas o youtuber não conseguiu ajuda, garantindo que não sabia nada sobre ele.

Bennight disse ainda à CNN que não ficou a saber na altura se as autoridades tinham conseguido identificar o utilizador. Esta quinta-feira, numa conferência de imprensa, as autoridades confirmaram que receberam o aviso de Bennight, há cinco meses atrás.

Este não foi o único comentário feito por Cru. “Eu quero matar pessoas com a minha AR-15”, “eu quero morrer a lutar, a matar uma tonelada de pessoas” e “eu vou matar forças da autoridade um dia, se eles foram atrás das pessoas boas”, foram outros comentários deixados pelo autor do tiroteio desta quarta-feira quer no YouTube, quer noutros sites.

Nikolas Cruz, o jovem que matou 17 pessoas a tiro na Flórida e era “maluco por armas”

O tiroteio levado a cabo por Nikolas Cruz, na Escola Secundária de Parkland, no estado norte-americano da Flórida, provocou 17 mortos, já confirmados pelas autoridades. O tiroteio — 18.º do género numa escola nos Estados Unidos desde o início do ano — aconteceu por volta das 15h00 locais (cerca de 20h00 em Lisboa). O xerife local, Scott Israel descreveu a situação como “uma catástrofe”. Cruz foi detido pouco depois do tiroteo e foi acusado esta quinta-feira de 17 homicídios premeditados.

Tiroteio em escola na Florida provoca 17 mortes