As palavras escolhidas para resumir o encontro desta segunda-feira entre o Presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e uma delegação enviada pelo Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, dão espaço para algum otimismo em doses moderadas. Depois do encontro de quatro horas entre as duas partes, a Coreia do Norte disse ter chegado a um “acordo satisfatório” e a Coreia do Sul realçou que houve “resultados”.

À chegada a Seul, a comitiva sul-coreana fez uma conferência de imprensa para anunciar os desenvolvimentos do encontro. “As duas Coreias chegaram a acordo para criar uma linha de contacto entre os líderes, num esforço para tentar aliviar a tensão militar”, anunciou o diretor da Agência Nacional de Segurança da Coreia do Sul, Chung Eui-yong. “O Norte prometeu que não vai usar armas nucleares nem armas convencionais contra o Sul.”

“O Norte afirmou claramente o seu compromisso com a desnuclearização da Pensínsula da Coreia e disse que não teria razões para ter armas nucleares caso a segurança do seu regime seja assegurada e as ameaças militares contra a Coreia do Norte sejam retiradas”, disse.

Além disso, aquele responsável avançou que o líder da Coreia do Norte “expressou a sua intenção de ter conversas honestas com os Estados Unidos para discutir a desnuclearização e normalizar as relações Washington-Pyongyang”.

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As duas partes também concordaram realizar uma cimeira entre o Presidente Kim Jong-un e o Presidente Moon Jae-in que terá lugar em Panmunjeom, cidade sul-coreana junto à fronteira com a Coreia do Norte. O encontro acontecerá no final de abril deste ano. Será o terceiro deste tipo, depois de 2000 e 2007, ambos em Pyongyang.

Estes desenvolvimentos já mereceram o comentário do Presidente dos EUA, Donald Trump, referindo que há “possíveis progressos” a acontecer nas conversações com a Coreia do Norte. “Pela primeira vez em muitos anos, está a ser feito um esforço sério por todas as partes envolvidas. O mundo está a olhar e à espera! Pode ser uma esperança vã, mas os EUA estão preparados para agir a sério em todo o caso”, escreveu.

Coreia do Norte: encontro decorreu num “ambiente compatriótico e sincero”

Depois do encontro, de acordo com o KCNA Watch, os media na Coreia do Norte referiram ter sido atingido um “acordo satisfatório” entre as duas partes, realçando que as duas falaram num “ambiente compatriótico e sincero”, tendo acordado fazer um novo encontro, desta vez no lado Sul da fronteira. “O supremo líder (…) trocou pontos de vista e chegou a um acordo satisfatório”, disseram os media norte-coreanos.

À chegada a Seul, um dos membros da delegação sul-coreana respondeu com cautela à informação veiculada pela imprensa do regime norte-coreano: “Não tenho a certeza se o termo ‘acordo’ é apropriado, mas há resultados que não são desapontadores”.

A Coreia do Sul enviou ao país vizinho uma comitiva de cinco pessoas, entre as quais se incluiu o diretor da Agência Nacional de Segurança, Chung Eui-yong, o diretor da Agência Nacional de Serviços de Informação, Suh Hoon, e o vice-ministro da Unificação, Chun Hae-sung.

Da parte da Coreia do Norte, além de Kim Jong-un, também esteve presente a sua mulher, Ri Sol-ju, e a sua irmã mais nova, Kim Yo-jong, que já tinha sido enviada da Coreia do Norte aos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, naquilo que foi um sinal de aproximação dos dois países separados desde 1948. Nestes Jogos Olímpicos de Inverno, os dois países aceitaram formar uma seleção conjunta no hóquei de gelo feminino.