É um dado adquirido que a realidade virtual (RV) veio para ficar. Com o lançamento do Playstation VR, no final de 2016, este tipo de entretenimento tornou-se mais acessível, mas havia quem achasse que o conteúdo disponível não justificava a aposta. Felizmente, estes primeiros meses de 2018 vieram eliminar essas dúvidas, com o lançamento de títulos RV para a Playstation 4, nomeadamente de The Inpatient, uma das primeiras grandes apostas da Sony para este ano. Com este jogo, a marca procurou “acalmar” todos os early adopters (os primeiros a experimentar novos produtos) da tecnologia que, além alguns videojogos específicos de RV, ainda não tinham à sua disposição um catálogo comparável aos concorrentes do PC.
Além do relançamento em RV de dois blockbusters desta década, Skyrim e Doom, este primeiro trimestre da Playstation 4 está a ser amplamente dedicado à realidade virtual. Os oito jogos recém-lançados são algumas das nossas sugestões para o Playstation VR.
Megaton Rainfall
Sempre que vemos alguém queixar-se das dificuldades logísticas de desenvolver um jogo (que existem, especialmente no mercado indie), devemos pensar em Megaton Rainfall, um jogo de RV estrondoso desenvolvido por apenas uma pessoa. Ambicioso e detalhado, este jogo é um simulador de super-herói na primeira pessoa, com uma atenção impressionante ao detalhe.
No jogo, temos de impedir uma invasão alienígena à Terra, voando à volta do globo e rebatendo a ameaça em diversas locais. À medida que vamos avançando, recebemos novos poderes, que levam a experiência de super-humano a outro patamar. Mas o que surpreende do ponto de vista de execução é o detalhe da construção algorítmica das cidades e a forma como conseguimos ver todos os pormenores da sua destruição nos nossos embates com as forças inimigas.
Megaton Rainfall é uma experiência mais únicas no catálogo de realidade virtual e um jogo obrigatório para todos os utilizadores do Playstation VR.
Superhot VR
Um dos mais criativos first person shooters dos últimos anos, o Superhot foi recentemente trazido para o ambiente de RV, captando a atenção dos media e dos jogadores quando as primeiras imagens do protótipo foram divulgadas.
Neste jogo criado por Piotr Iwanicki e pela sua equipa, o tempo só avança quando nos movemos, permitindo-nos explorar cada cenário e eliminar todos os inimigos da forma mais eficaz possível. Jogar Superhot VR é a melhor forma de tornar ainda mais imersiva uma ideia brilhante, num género que tantas vezes peca por não se conseguir reinventar.
Moss
Moss é um dos jogos familiares para o Playstation VR (ainda que a utilização do dispositivo seja aconselhável apenas para maiores de 12 anos) e faz-nos sentir que estamos dentro de um mágico livro infantil. Neste jogo, a nossa missão é ajudar a conduzir o pequeno herói-rato por uma série de níveis, numa lenda de aventura que é uma das melhores abordagens de escala e imersão em RV. Observar os detalhes do cenário, a profundidade de campo dos diversos planos e um mundo criado para a estatura de um rato sob o olhar de um “gigante”, ajudam a tornar este jogo de plataformas e puzzle um dos títulos obrigatórios para o Playstation VR.
Sprint Vector
Sprint Vector é um dos jogos do momento que mais calorias nos fará queimar. Neste jogo de corrida, o circuito é uma aventura louca de obstáculos. Visualmente brilhante, este jogo utiliza ao máximo as possibilidades técnicas da plataforma para criar uma arena de corrida imersiva.
O grande ponto de venda de Sprint Vector é o quanto consegue mascarar o exercício físico real com o jogo virtual. Utilizando um sistema chamado “locomoção fluída”, a nossa personagem corre ao movermos os nossos braços como se estivéssemos realmente a correr, apesar de estarmos parado. Cansativo e divertido, Sprint Vector é uma forma curiosas de introduzir actividade física num ambiente competitivo de RV.
Sparc
Sparc tem uma missão muito clara: inventar uma modalidade desportiva num ambiente em RV. Criado como um desporto de duelo, este consiste em dois jogadores que, frente-a-frente, terão de ricochetear duas esferas de energia (cada uma da sua cor) pelas paredes, tecto e chão. O objectivo é simples: conseguir acertar com alguma dessas esferas no adversário, levando-o a falhar o embate na bola com o seu escudo. Se nos desviarmos da bola do adversário e esta acertar na parede atrás de nós (marcando “golo”), ela crescerá de tamanho e ficará mais rápida, tornando-se mais difícil de defender.
O cinema fez-nos sonhar com desportos virtuais do futuro, e a realidade (virtual) tem-se encarregado de os criar.
Apex Construct
Esta é uma história de ficção científica num mundo pós-apocalíptico, diferente dos lugares-comuns a que estamos habituados. Neste jogo, entramos na pele do último humano que existe e somos guiados por uma estranha entidade chamada Fathr. Esta afirma querer restabelecer a beleza e a vida do mundo e que está em guerra com Mothr, que abertamente quer destruir toda a vida. Apex Construct consegue equilibrar muito bem a construção narrativa deste mundo e faz-nos querer perceber se estamos ou não a ser instrumentalizados e em perceber o é que aconteceu à humanidade para sermos o último sobrevivente.
Com a física desenvolvida neste segmento a ser mais rigorosa do que muitos jogos de acção nos entregam, Apex Construct faz-nos explorar a Terra vazia de pessoas e povoada apenas por robots, cuja única missão é destruir a vida humana. Esta é uma das melhores experiências narrativas disponíveis no Playstation VR, principalmente porque consegue equilibrar segmentos dinâmicos com o desenvolvimento da história.
Bravo Team
Bravo Team, o segundo título exclusivo para o Playstation VR do estúdio Supermassive Games, parece ser um projecto encomendado para a Sony para promover a utilização do chamado controlador de mira (lançado no ano passado para acompanhar o jogo Farpoint) e, ao mesmo tempo, uma tentativa de ressuscitar os shooters na primeira pessoa.
Este é possivelmente o jogo menos bem-conseguido do estúdio britânico, e até um dos seus títulos anteriores, Until Dawn: Rush of Blood, responde melhor dentro deste nicho dos jogos de tiros em carris. Indicado apenas para quem tem saudades deste género quase esquecido, que teve o seu apogeu na segunda metade da década de 1990.
Monster of the Deep: Final Fantasy XV
Poucas séries se podem dar a alguns luxos como Final Fantasy. Com uma falange de apoio estrondosa, a famosa série tem-se mantido entre as mais populares, apesar da qualidade das últimas produções ter sido inconstante. Final Fantasy XV, o último título principal da série, tem, contudo, recebido especial atenção. Independentemente do motivo, (longas e curtas-metragens que complementam a história, jogos mobile que outras perspetivas dentro da guerra travada no jogo, etc.), percebe-se que a Square Enix tentou rentabilizar ao máximo uma das suas jóias da coroa.
Monster of the Deep: Final Fantasy XV é um spinoff que aborda um segmento muito específico de Final Fantasy XV: as sequências em mini-jogo de pesca. Aqui somos levados para dentro da história, convivemos com os protagonistas e sentimos, ainda que numa experiência curta, que pertencemos a este mundo. Ainda que seja uma boa abordagem para a RV, este é um daqueles títulos que será mais indicado para quem conhece e gosta do título original ou para quem não consigue resistir a um bom jogo de pesca. E para estes últimos, Monster of the Deep: Final Fantasy XV é verdadeiramente obrigatório.
Ricardo Correia, Rubber Chicken