Rui Rio está em Bruxelas a participar na sua primeira cimeira do Partido Popular Europeu (PPE) e, ao fim de cinco dias de silêncio, comentou a demissão do secretário-geral Feliciano Barreiras Duarte. Disse não ser politicamente correto dizer que o caso que levou à demissão foi “um massacre, um exagero”, mas que “não será preciso muito tempo para as pessoas perceberem que houve uma desproporção brutal“. E afirmou: “O tempo é o melhor conselheiro”.
“Dizer isto neste momento pode não ser politicamente correto, mas não vai ser preciso muito tempo para as pessoas perceberem”, insistiu, aproveitando para deixar uma crítica à “sociedade”, que está a ser alvo de “uma transformação negativa”: “Costuma-se dizer que ninguém está imune a polémicas, que quem não deve não teme, mas agora mesmo quem não deve tem de temer“, disse.
Já sobre a crítica deixada por Pedro Santana Lopes na terça-feira, no espaço de comentário na SIC, quando disse que estava “na hora de Rui Rio inaugurar a liderança do partido”, Rui Rio deixou claro que o assunto está esclarecido. “A crítica não era para a direção nacional, é para quem internamente está mais apostado a destruir do que a construir, e ele já teve oportunidade de me explicar que era essa a ideia que queria transmitir”, disse.
Questionado sobre quem deverá ser o cabeça de lista do PSD às europeias de maio de 2019, Rio não levantou a ponta do véu, mas disse que já tinha uma ideia. “Tenho na minha ideia quem deve ser o cabeça de lista, mas não vai ser aqui que eu vou anunciar, com ano e tal de distância”, disse, recusando andar “a reboque” do CDS, que já anunciou no congresso deste mês quem iram ser os três candidatos a eurodeputados.
Eu não ando a reboque do CDS nem do PS, nem de ninguém. Ando a reboque do que considero sensato e equilibrado, não ando aqui para produzir notícias uns à frente dos outros”, disse.
“Não há lugar para ser oposição” em matéria europeia, diz Rui Rio
Na sua estreia em Bruxelas, o presidente do PSD voltou a erguer a bandeira dos consensos com o governo, em nome do interesse nacional. Pelo menos em matéria de política europeia. “Os partidos portugueses devem estar unidos nisso, não há lugar para ser da oposição porque ser da oposição é enfraquecer a posição portuguesa na Europa“, disse Rui Rio aos jornalistas à chegada à sua primeira reunião do Partido Popular Europeu, em Bruxelas, onde vai encontrar-se com personalidades como Angela Merkel, Jean-Claude Juncker ou Donald Tusk.
“O que é que os portugueses querem? Um PSD a aproveitar isto para fazer oposição ao Governo, enfraquecer o governo, e fazer com que isso enfraqueça Portugal? Ou um PSD a defender o interesse dos portugueses e, nesse sentido, reforçar na Europa a posição portuguesa? Não tenho dúvidas disso. Os portugueses de certeza que não querem aproveitamentos políticos, querem que se juntem posições”, disse, explicando que a posição do PSD e do Governo no dossiê da gestão dos fundos comunitários “não é exatamente igual, mas é próxima”.
Aqui a questão era apenas a Europa, mas a ideia é essa, tem sido seguida por Rui Rio desde o primeiro dia, e até é sustentada por sondagens: os portugueses preferem ver PSD e PS a entenderem-se em matérias estruturais, e até querem ver mais acordos em áreas importantes, como a saúde. Questionado sobre a política orçamental comunitária, Rio defendeu que é preciso novas receitas desde que a soberania continue reservada aos parlamentos nacionais.
Temos de conseguir que a Europa não toque no que é vital, e a nossa disposição é reforçar a posição do Governo português de não prejudicar os fundos a que Portugal tem acesso”, disse o líder do PSD.