O comentador Luís Marques Mendes mandou um recado aos críticos internos de Rui Rio, ao referir-se a um artigo do Expresso em que opositores do novo líder admitiam — sob anonimato — que o presidente do partido poderia cair antes das legislativas. Este domingo à noite, na SIC, o ex-líder do PSD disse que isso “não faz sentido nenhum”. E repetiu três vezes: “Tonterias, tonterias, tonterias. Disparates”.

Marques Mendes acha que eleições antecipadas no partido para mudar de líder um “disparate monumental”, não só porque “os mandatos devem ser cumpridos até ao fim”, mas também porque danifica a imagem do partido”. Pior ainda: nem sequer beneficia os próprios críticos de Rui Rio: “Nem sequer é inteligente vitimizá-lo“, comentou com a jornalista Clara de Sousa. “Acho que deviam rapidamente ultrapassar esta fase”.

Apesar de ter feito críticas muito violentas ao líder do PSD nos mais recentes comentários dominicais, acabou por elogiar os últimos gestos políticos de Rui Rio. “Teve algumas falhas, mas está a dar alguns sinais de querer ultrapassá-las. Escolheu bem o novo secretário geral, José Silvano”, elogiou. “E esteve em Bruxelas com atitudes e posições muito corretas e corajosas, a defender o interesse nacional ao lado das posições do Governo”. Ainda acrescentou mais um encómio ao analisar da agenda que Rio tem prevista para esta semana: “Parece que vai começar a fazer oposição, vai visitar as zonas afetadas pelos fogos, e apresentar os porta-vozes setoriais”.

Porque é que a avaliação do Montepio não é tornada pública?

No fim do programa, Mendes recuperava o dossiê do Montepio, para perguntar onde está a avaliação feita pelo banco Haitong. “A Santa Casa pediu uma avaliação independente. Onde está? Nas mãos do Provedor. Então porque é que não é tornado público? Porque é que isto está tudo escondido?” O comentador questionava o valor do banco, por a Santa Casa da Misericórdia se preparar para dar cerca de 20 milhões de euros por 1% do banco, o que faria com que o seu valor de mercado ascendesse aos dois mil milhões de euros. Um valor que Marques Mendes contesta por ser demasiado alto, sobretudo se comparado com o de outros bancos. “Isto tem de ser tudo muito bem explicadinho”, afirmou.

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No que respeita aos principais temas da semana, considerou uma “iniciativa meritória” — apesar de também ser “propaganda” — o esforço de “sensibilização” do Governo, do Presidente da República e do primeiro-ministro através da ação de limpeza das matas realizada esta sexta-feira.

Quanto aos relatórios sobre Tancos e acerca dos fogos de outubro, Marques Mendes foi muito crítico. “Para o Governo não há culpas nem responsabilidades, nem sequer pede desculpa”. O comentador vê um grande contraste entre o relatório da Comissão Técnica Independente que aponta responsabilidades ao Governo nos fogos se comparado com o relatório sobre Tancos: “O contraste com o relatório de Tancos, feito pelo Governo e não por uma entidade independente, é um escândalo: o problema daquele paiol existe há 20 anos… Quem é o culpado no plano militar e político? Ninguém, zero. Foi grave. Como se resolve? Com quatro processos disciplinares, umas repreensões. Culpa de quem? Do mexilhão”.

Luís Marques Mendes ainda deixaria uma resposta a José Sócrates, que esta semana se referiu a ele num comentário, de forma velada, por causa de uma eventual tentação de o ex-primeiro-ministro se candidatar a Presidente da República. Numa conferência em Coimbra, Sócrates disse que isso era do domínio da “bruxaria” para “videntes”. O social-democrata, depois de também vaticinar que o processo judicial de Sócrates não transitará em julgado antes de 2028 — portanto, daqui a 10 anos — replicou-lhe: “Registo que nunca disse que não era candidato”.