Organizações da sociedade civil moçambicana exigiram esta quarta-feira a suspensão das atividades de uma empresa visada pela Amnistia Internacional por violação de leis na exploração mineira em Nagonha, norte do país.

“Nós queremos a suspensão das atividades da empresa até que se sanem todas as irregularidades”, disse à Lusa Fátima Mimbire, investigadora do Centro de Integridade Pública, que apoiou a Amnistia Internacional na elaboração do estudo.

Em causa está um relatório apresentado em Maputo, em março, denunciando violações das leis moçambicanas e internacionais pela Haiyu Mozambique Mining numa exploração de areias pesadas na região de Nampula. Segundo o relatório, intitulado “As nossas vidas não valem nada o custo humano da exploração mineira chinesa em Nagonha“, as operações transformaram a topografia da área e em 2015 a chuva arrastou 48 casas, desalojando 290 pessoas.

O documento acrescenta que a única proposta feita para compensar a população previa um pagamento de quatro mil meticais (52 euros) para quem perdeu casas de construção precária e 20 mil meticais (261 euros) para casas de alvenaria. “Não houve nenhum estudo de impacto ambiental, o que resultaria num plano de reassentamento”, observou Fátima Mimbire.

Na terça-feira, a Amnistia Internacional e o Centro de Integridade Pública foram ouvidos pela Comissão de Agricultura, Economia e Ambiente no parlamento moçambicano, que prometeu constituir um grupo para investigar o caso.

Citado pelo jornal O País, o consultor ambiental da empresa, Amilcar Marremula, negou que a empresa tenha comprometido o sistema de drenagem e considera que não há necessidade para reassentamento. A Haiyu explora areias pesadas em duas concessões em Nampula (Nagonha e Sangage) desde 2011, das quais extrai minerais como a ilmenite, o titânio e o zircão.

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