Os observadores da OSCE denunciaram esta quinta-feira “graves irregularidades” e uma “ausência de pluralismo” no decurso das presidenciais no Azerbaijão que o homem forte do país, Ilham Aliev, venceu sem surpresa com 86,03% dos votos, números oficiais. Esta eleição, onde se apresentaram outros sete candidatos vistos como meros figurantes, foi assinalada “por numerosas irregularidades graves, como falsificação de votos”, afirmaram os observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

“Na ausência de pluralismo, incluindo nos media, não existiu uma verdadeira competição nesta eleição”, referiram no seu relatório, que também denuncia o “desprezo generalizado dos procedimentos” ou “a ausência de transparência” do escrutínio. A conferência de imprensa dos observadores da OSCE em Baku foi interrompida por assobios de protesto dos jornalistas pró-Aliev presentes, forçando-os a abandonar a sala, refere a agência noticiosa France-Presse.

A Comissão eleitoral central precisou em comunicado que a taxa de participação atingiu 74,5%, números que também foram contestados pelos setores da oposição. O Presidente eleito deverá assim manter-se no poder até 2025. “Os cidadãos do Azerbaijão votaram pela segurança e o progresso”, felicitou-se o Presidente reeleito num discurso transmitido pela televisão.

Ilham Aliev, 56 anos, foi eleito pela primeira vez em 2003 nesta ex-república soviética e sucedeu a seu pai Heydar Aliev, um antigo oficial do KGB local que dirigia o país desde 1969 e conservou o poder até à sua morte. Após assumir o poder, tem sido elogiado pelos seus apoiantes por ter garantido a modernização do Azerbaijão, que se tornou num importante fornecedor de gás à Europa e garantindo importantes receitas.

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A família Aliev tem sido acusada de controlar importantes setores da economia do país, afirmações que Ilham Aliev sempre negou, à semelhança das acusações sobre uma deriva autoritária. A oposição tinha também denunciado a decisão surpresa, e inexplicável de Aliev que antecipou a eleição presidencial em seis meses, uma manobra considerada como um meio de minimizar a campanha eleitoral e impedir a oposição de tomar medidas contra as supostas fraudes.

Ilham Aliev foi reeleito em 2008 e 2013 com resultados esmagadores, e que a oposição considerou fraudulentos. Em 2009, o chefe de Estado fez aprovar por referendo uma alteração da Constituição que lhe permite um número ilimitado de mandatos, uma reforma denunciada por ativistas de defesa dos direitos humanos e pelos círculos oposicionistas.

Uma nova alteração constitucional em 2016 alargou o mandato presidencial de cinco para sete anos. O Conselho da Europa criticou com veemência estas reformas que “originaram uma grave alteração do equilíbrio de poderes” e fornecem ao presidente uma autoridade “sem precedentes”. Ilham Aliev também colocou membros da sua família nos mais elevados cargos do poder. A sua mulher Mehriban foi designada primeira vice-presidente do Azerbaijão, e o seu filho Heydar é frequentemente citado como o seu possível sucessor.