Uma alta patente da Rússia na Síria garantiu esta quarta-feira que o exército de Bashar al-Assad já tem o total controlo de Ghouta Oriental, a região nos arredores de Damasco que foi alvo de uma intensa campanha militar das forças do governo e de Moscovo.
“Hoje assistimos a um feito assinalável na História da Síria. Foi içada uma bandeira do Estado em Douma, depois da sua libertação de militantes, para manter a lei e a ordem durante uma transição sob o controlo do legítimo governo da Síria”, disse o major general Yuri Yevtushenko esta quinta-feira.
Douma foi a última cidade a cair para o lado das forças de Bashar al-Assad — que conta com o auxílio militar e logístico da Rússia, do Irão e do Hezbollah — depois de uma campanha militar iniciada a 18 de fevereiro.
Os números de vítimas deste episódio da já longa guerra na Síria não são consensuais, mas a sua dimensão espelha a importância de Ghouta para entender o conflito iniciado há sete anos. De acordo com o regime sírio, já morreram mais de 8 mil pessoas desde 2012 na sequência de morteiros disparados de Ghouta para a capital, Damasco. Por outro lado, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, a ofensiva de Assad e Putin matou mais de 1 600 pessoas em Ghouta. Entre estas, contam-se as mais de 40 que morreram num alegado ataque químico em Douma, o que levou Donald Trump a ameaçar o regime sírio e a Rússia com mísseis “bons, novos e ‘inteligentes'”.
A Rússia, que garante que o ataque químico é uma “invenção”, ao passo que médicos no local garantiram à Organização Mundial da Saúde que cerca de 500 pessoas foram expostas a químicos tóxicos. Perante a ameaça de Donald Trump, o embaixador da Rússia no Líbano garantiu que vai “abater” qualquer míssil dirigido às suas posições. A ameaça também se aplica à origem do míssil — ou seja, um drone, um avião militar ou um navio militar.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas, em números avançados esta terça-feira, perto de 130 mil pessoas foram evacuadas de Ghouta ao longo das últimas quatro semanas. Em números apresentados esta quinta-feira, a Rússia eleva a contagem para 165 mil pessoas. Além disso, acrescenta que foi permitida a saída a 4 mil rebeldes, juntamente com as suas famílias, para a região de Idlib, no Norte da Síria.
Ghouta Oriental, uma região com 400 mil habitantes composta por várias cidades, era um dos últimos bastiões rebeldes nos arredores de Damasco, com a presença de quatro grupos: Hayat Tahrir al-Sham, Ahrar Faylaq al-Rahman e Jaysh al-Islam, do mais pequeno para o maior.
O Jaysh al-Islam, que controlava Douma, foi o último a sucumbir às forças de Bashar al-Assad. Depois do alegado ataque químico de 7 de abril, este grupo pediu um cessar-fogo ao ditador sírio.
Quem são, o que querem e o que fazem os rebeldes de Ghouta que combatem Assad?