A situação na Venezuela continua a deteriorar-se e os próximos anos prometem ser ainda piores. O Fundo Monetário Internacional traçou esta terça-feira um cenário negro, antecipando que os preços cresçam quase 14.000 % este ano, que a economia afunde mais 15% e a taxa de desemprego cresça ao ponto de atingir exatamente um terço da população venezuelana.

As contas são difíceis de fazer, o Fundo admite, devido à dificuldade no acesso a dados que sejam fiáveis, mas a situação, que já era negra, estará no caminho para ficar significativamente pior.

No ano passado, a economia venezuelana deverá ter caído 14% e este ano deverá cair outros 15%, completando assim o quinto ano consecutivo em recessão. Em 2016, a economia sofreu uma recessão de 16,5% do PIB. Nos últimos três anos, o PIB da Venezuela caiu quase 40% (em termos reais, sem contar com o efeito preço).

O efeito está à vista na taxa de desemprego. De acordo com as contas do Fundo, mais de 27% da população venezuelana estaria numa situação de desemprego no ano passado. Mas o cenário só vai piorar. A expetativa do Fundo é que a taxa sofra um agravamento de 6 pontos percentuais, e atinja os 33,3% já este ano. Para o ano, esta deve subir ainda mais, agora para os 37,4%.

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Mas o sinal mais alarmante surge no crescimento dos preços previsto para este ano. Nos últimos anos o Governo tem vindo a aumentar o dinheiro em circulação como forma de financiar os défices elevados, ou seja, a imprimir dinheiro. O resultado foram taxas de inflação elevadas para qualquer padrão.

Entre 2000 e 2009, os preços cresceram em média 20,8%. Este já seria um nível incomportável para qualquer economia, mas desde que Nicolás Maduro sucedeu a Hugo Chávez, em 2013, a situação ficou significativamente pior.

Em 2013, ano em que Maduro tomou posse, a taxa de inflação mais do que duplicou dos 21,1% registados em 2012, atingindo os 43,5%. Desde então, os preços estão a crescer de forma galopante: 57,3% em 2014; 111,8% em 2015; 254,4% em 2016; e finalmente 1087,5% em 2017.

O cenário já era extremo, mas o Fundo espera que a situação se agrave significativamente, antecipando que os preços cresçam 13.864,6% este ano e a um ritmo perto dos 13.000% de 2019 em diante.

Ou seja, num exemplo simplista, se se aplicassem as taxas desde 2015 ao preço de um café em Portugal – cerca de 0,60 euros -, o custo final desse mesmo café seria superior a 257 mil euros.