O argumento do vírus informático nas escutas que envolvem José Sócrates e Ricardo Salgado não foi suficiente para que a justiça as considerasse nulas: o juiz Carlos Alexandre validou as escutas que agora fazem parte da investigação no âmbito da Operação Marquês e vão poder usadas em tribunal, avança o Correio da Manhã.
O pedido tinha sido feita pelos advogados de defesa, mas não foi aceite pelo magistrado que não encontrou motivo para invalidar as gravações. A confirmação está em despacho publicado esta segunda-feira.
As provas da Operação Marquês, incluindo escutas, tinham sido entregues aos arguidos com vírus informáticos, o que tem contribuído para arrastar o processo. A defesa do antigo primeiro-ministro e do ex-banqueiro queixaram-se então por as provas não terem sido entregues em condições de serem devidamente consultadas.
Quando os advogados de José Sócrates foram buscar os discos que deixaram no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) foram inicialmente informados por uma escrivã que deveriam aceder ao conteúdo dos discos com anti-vírus, já que podiam estar infetados. Pedro Delille — um dos advogados de Sócrates contou que, mesmo após passarem por um perito informático, as escutas estariam impercetíveis: “É impossível identificar quem está a falar”. Também o advogado de Ricardo Salgado, na mesma altura, “deu conta” ao Ministério Público “das várias vicissitudes ocorridas com os suportes informáticos que lhe foram entregues”, tendo advertido o DCIAP que “as cópias poderiam conter vírus”.
Todas estas questões têm impedido o processo de avançar mais rapidamente para a fase de instrução que se sabe agora ter data limite para abertura até 3 de setembro.
Operação Marquês. Data limite para abertura de instrução é 3 de setembro