Foram 10 as instalações ligadas à Porsche que ontem foram visitadas por investigadores ao serviço do Ministério Público alemão, em busca de informações sobre o Dieselgate, ou seja, a instalação de software malicioso em veículos, destinado a diminuir artificialmente os valores das emissões poluentes quando na fase de testes em banco de ensaio.
O facto de a Porsche estar sob suspeita não é uma novidade, uma vez que já em Julho de 2017 este fabricante começou a ser investigado sobre a possibilidade de ter instalado software fraudulento em vários dos seus modelos com motor diesel, pelo que a acção agora desencadeada é mais um passo da justiça, no sentido de apurar responsabilidades.
Segundo o Ministério Público, a suspeita recai sobre vários empregados da Porsche, incluindo um executivo que ainda se encontra em funções e um outro executivo de topo sénior, que já não está directamente ligado directamente à Porsche. Os responsáveis pela investigação não libertaram nomes, mas adensa-se a suspeita sobre a possibilidade de este último ser Matthias Müller, até 2015 CEO da Porsche e que depois passou a desempenhar a mesma função para o grupo VW. A confirmar-se, isto poderia explicar a saída de Müller do grupo alemão na passada semana, dias antes do raid à Porsche, ele que já em Maio de 2017 começou a ser investigado por os investigadores desconfiarem de manipulação do mercado, acusando-o de estar a par do Dieselgate na Porsche muito antes de o ter admitido.
É a primeira vez que um executivo de topo se vê envolvido numa investigação do Dieselgate, sendo que, de acordo com o Handelsblatt, também Oliver Blume pode figurar entre os suspeitos. Recorde-se que o ex-CEO da Porsche, na passada semana, passou a integrar os quadros da Volkswagen AG.
Mais uma vez segundo as autoridades alemãs, o raid sobre a Porsche deveu-se à falta de colaboração por parte da marca em relação às origens e responsabilidade no Dieselgate, ao contrário do que aconteceu com a Volkswagen, que assumiu o erro em 2015 e participou activamente na atribuição de responsabilidades, o que levou já ao pagamento de 24,7 mil milhões de euros, entre multas, retoma de veículos e respectiva reparação.