Em poucos minutos, a Rolls-Royce pôs fim a meses de especulações em torno do seu primeiro SUV. Com nome de diamante, ao Cullinan não é só pedido que honre os pergaminhos da casa britânica, em termos de luxo – é esperado também que brilhe comercialmente. À semelhança, aliás, do que já acontece na Bentley com o Bentayga ou na Lamborghini com o Urus. Sendo que a própria Ferrari também já se prepara para marcar presença neste segmento, que teima continuar a crescer.

Para fazer frente à concorrência, ainda para mais tendo chegado mais tarde, a Rolls-Royce tinha de se demarcar com esta proposta. E, por aquilo que nos foi dado a ver, fê-lo: o Cullinan tem detalhes em que o comum dos mortais não pensa. A ideia foi mesmo essa, fazer um SUV que o seu condutor possa usar tanto para ir à ópera, como para o meio da floresta, para fazer um piquenique com a família. Um carro que fique tão bem numa première, como num safari. No primeiro, o Rolls arrisca-se a ser a estrela; no segundo, o “rei da selva”.

Porquê? Desde logo, porque o Cullinan está longe de passar despercebido. Tem um certo ar “quadradão”, com a linha do tejadilho caindo em declive rumo à traseira, onde uns farolins de pequena dimensão ainda acentuam mais a grandiosidade do modelo. Com 5,34 metros de comprimento, ou seja, apenas 42 cm mais curto que o Phantom; 2,16 metros de largura e 1,83 de altura, o SUV britânico tem uma presença imponente e não abdica de um certo ar de família. Para além da estatueta Spirit of Ecstasy que encima o capot, encontram-se outros elementos característicos da linguagem de design da marca, como o sejam o formato da grelha ou o desenho dos faróis. As portas suicidas também compõem a “assinatura”, ao mesmo tempo que deverão facilitar a entrada a bordo de passageiros. Igualmente a pensar nisso, a suspensão a ar rebaixa 40 mm no momento em que se está a aceder ao interior, para depois retomar à posição original, já com os ocupantes devidamente instalados no habitáculo. Tudo isto automaticamente, claro.

Ora, é justamente essa suspensão (triângulos sobrepostos à frente e do tipo five-link atrás) que a Rolls-Royce “vende” como sendo um dos maiores argumentos do Cullinan: com câmaras-de-ar maiores do que as que já equipam o Phantom e amortecedores adaptáveis, o sistema recorre a câmaras que vêem o caminho que está pela frente e, em função dessa leitura, a suspensão adapta-se para melhor lidar com o piso.

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Para evoluir na estrada como um “tapete mágico”, oferecendo a quem segue a bordo o máximo conforto, o Cullinan monta-se sobre uma plataforma integralmente em alumínio, a chamada “Architecture of Luxury”, e oferece uma exploração do espaço interior digna dos mais altos padrões de requinte: o volante é aquecido e os bancos podem ventilar ou aquecer. Nada de novo, poderia estar a pensar – a diferença é que neste Rolls a ventilação e o aquecimento não se ficam pelos assentos, antes se estendem aos braços das portas e aos apoios de braço ao centro, quer à frente quer atrás.

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Atrás é onde (muito provavelmente) seguirá o dono do SUV, motivo pelo qual o banco traseiro pode ceder espaço a dois bancos individuais, refinadamente separados por um bar. Copos de uísque e de champanhe fazem a festa, sendo certo que, seja lá qual for a bebida, será servida à temperatura ideal, cortesia de um compartimento refrigerado.

Mas, em prol do conforto térmico e acústico, pela primeira vez um SUV tem uma separação entre os ocupantes dos lugares posteriores e a bagageira. Esta última acolhe entre 600 e 1.930 litros, mediante o rebatimento dos bancos, pelo que há espaço de sobra para transportar um Rembrandt sem riscos. Lá atrás, com a tampa da bagageira aberta e ao toque de um botão, aparecem dois bancos e uma pequena mesa, pelo que os piqueniques ou os cocktails ao fim da tarde estão garantidos.

Não deixa de ser curioso, no entanto, a necessidade que a Rolls tem em realçar que o seu SUV nada tem de ordinário – só extraordinário. Uma mensagem passada sob a forma de descritivo das vantagens da plataforma própria, para que não haja confusões: a base do Cullinan não tem nada que ver com produtos mais “banais” como o Série 7 ou o futuro X7, embora Rolls e BMW pertençam ao mesmo grupo.

Acusando 2.660 kg sobre a balança, o SUV britânico não revelou prestações de 0 a 100 km/h, com a marca a adiantar apenas a velocidade máxima: 250 km/h. A fazer as despesas da locomoção o mesmo motor que se encontra no Phantom um V12 de 6,75 litros biturbo, a debitar 571 cv e 850 Nm de binário. A Caixa automática é uma ZF de oito velocidades, que canaliza a força para as quatro rodas através de um sistema de tracção integral desenvolvido pela própria Rolls, sendo que a maior parte da força é transmitida ao eixo traseiro, o qual, dependendo da situação, pode receber até 90% do torque.

Prometendo ser tão eficaz em estrada como fora dela, basta carregar no botão offroad para o Cullinan ir até ao fim do mundo, se preciso for. Pelo que, em jeito de piada, a marca chama-o de Everywhere button.

À boa maneira da Rolls, o preço não foi divulgado, mas tudo indica que superará os 350 mil euros, fora os opcionais que este tipo de clientes tanto aprecia. As primeiras entregas deverão começar a ocorrer no início do próximo ano.