Pedro Marques, ministro do Planeamento e das Infraestruturas, é um dos nomes que vai passar a integrar o Secretariado Nacional do PS, órgão restrito da direção de António Costa. Em entrevista ao Observador à margem do Congresso, admite que o reforço de governantes no secretariado nacional do partido é um sinal para a reta final da legislatura, que vai ser “muito mais política” já que tem eleições à porta. Sobre Sócrates, diz que o futuro do PS se projeta em cima de “toda a história do PS”. E admite que ainda não foi rever a sua declaração de rendimentos, como instou a ministra da Presidência.
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“Não consultei ainda a minha declaração nestes dias, ainda não fiz essa revisão”, admitiu o dirigente socialista ao Observador, quando questionado sobre a indicação dada pela ministra da Presidência para todos os ministros fazerem essa revisão, para evitarem novos “lapsos”. Maria Manuel Leitão Marques admitiu esta sexta-feira que os ministros estavam a rever as suas declarações de rendimentos e património que devem entregar no Tribunal de Constitucional na sequência das sucessivas polémicas em que se viu envolvido Pedro Siza Vieira esta semana — o ministro-adjunto era sócio maioritário de uma imobiliária, algo que viola a exclusividade a que os ministros estão obrigados.
Mas Pedro Marques, ao Observador, afirmou não ter dúvidas de que todos os governantes, seja deste ou de outros governos, entregam as suas declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional com base na verdade. “Tenho a absoluta convicção de que qualquer colega meu do Governo, ou de outros governos, faz declarações verdadeiras perante as instituições. Se existe, como existiu, um lapso numa declaração, a mesma foi alterada”, disse.
Questionado sobre o facto de o Congresso ter aplaudido a imagem de José Sócrates que apareceu no ecrã, Pedro Marques afirmou que essa questão está “muito clara” dentro do PS: o PS não elimina a sua história. “O que somos hoje como partido e o que projetamos para o futuro está sempre construído em cima de toda a história do PS”, afirmou.
Para Pedro Marques, o debate ideológico que decorre dentro do PS é “importante”, mesmo que uns defendam um recentramento do PS e outros defendam o PS a jogar mais à esquerda. “O debate ideológico enriquece o partido. E as propostas do secretário-geral, mesmo no contexto desse debate, mostram que o PS está onde sempre esteve. Tem valores fundadores à esquerda, que Mário Soares já defendia na altura, como defende a liberdade, o espírito reformista, ou a convicção profunda no projeto europeu. É nessa síntese que se encontra o PS”, diz.
Sobre a legalização da eutanásia, que António Costa defendeu pela primeira vez (depois de ter dito que, se fosse deputado, tinha dúvidas sobre como votar), Pedro Marques mostrou-se a favor. “Sim, é também essa a minha posição, o posicionamento pela liberdade”, afirma, lembrando que “o PS tem sido o partido do reforço das liberdades individuais”. No discurso que fez ao Congresso, Costa afirmou-se pela primeira vez a favor da eutanásia, dizendo esperar que o projeto de lei do PS seja aprovado na próxima terça-feira.