O Presidente da República disse esta segunda-feira ter ficado perplexo com as reações ao seu discurso do 25 de Abril e salientou que não são “arte abstrata” os casos de crise de sistemas políticos que proliferam na Europa. Marcelo Rebelo de Sousa falava no colóquio “Combater os Medos, do terrorismo, da inteligência artificial, das alterações climáticas e dos refugiados”, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Numa intervenção de cerca de meia hora, o chefe de Estado considerou que tem faltado uma “pedagogia da própria Europa” e que isso explica “a crise dos sistemas partidários, a crise dos sistemas de parceiros económicos e sociais, a crise das famílias clássicas que apoiaram a integração europeia, fruto dos medos”.

O Presidente da República insistiu na mensagem de que “é preciso enfrentar estas realidades, equacionando-as, não as negando, percebendo os medos que têm gerado, antecipando na sociedade portuguesa aquilo que nalguns casos já é partilhado noutras sociedades”. “E daí, também vos digo, a perplexidade com que vi a reação à intervenção que fiz no 25 de Abril”, observou.

Em seguida, Marcelo Rebelo de Sousa fez alusão à forma como o primeiro-ministro, António Costa, reagiu a esse discurso, considerando-o difícil de interpretar, como a arte moderna.

“Todos os dias encontro, encontramos, infelizmente, casos não muito longínquos de nós, não direi de arte abstrata, mas direi certamente de problemas que significam questões a enfrentar com realismo, com racionalização — que não significa a negação do afeto — mas com capacidade de mobilização, de explicação, de esclarecimento e de mobilização, que eu diria pedagogia”, afirmou o chefe de Estado.

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