A capa do mês de junho da Vogue Arábia, onde aparece a imagem de uma princesa saudita ao volante de um carro descapotável, está a causar controvérsia. “Driving Force” (ou “Força Motriz”) é o título da revista, que faz referência à suspensão da lei que proíbe as mulheres de conduzirem — e que vai entrar em vigor a 24 de junho.

Capa da Vogue Arábia, junho de 2018.

A imagem da princesa Hayfa Bint Abdullah al-Saud ao volante de um descapotável vermelho, com umas luvas em pele e de saltos altos ilustra o último número da revista, que dedica várias páginas às “mulheres pioneiras da Arábia Saudita” e elogia as reformas lançadas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman — que tem procurado diminuir as restrições sociais, de acordo com o The Guardian.

No nosso país há alguns conservadores que temem as mudanças. Para muitos, é tudo o que conhecem”, disse a princesa Hayfa, filha do falecido rei Abdullah, acrescentando: “Pessoalmente, eu apoio essas mudanças com grande entusiasmo”.

A capa, que foi fotografada fora da cidade de Jeddah, surge num momento de tensão e foi criticada por ativistas que protestaram contra a detenção de 11 mulheres em maio. Mulheres essas que lutam pelo direito a poderem conduzir e pelo fim da tutela dos homens sobre as mulheres. Segundo a Amnistia Internacional, quatro delas foram libertadas na semana passada, mas nada se sabe sobre o paradeiro das restantes.

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A verdade é que nem a princesa que aparece na capa representa as mulheres sauditas, nem o fim da proibição de conduzirem garante que as mulheres vão deixar de ser reprimidas. Nas redes sociais, a capa surgiu alterada, com a cara da princesa a ser substituída por fotografias das ativistas que foram detidas recentemente e que foram apelidadas de “traidoras” pelos meios de comunicação estatais.

A edição da Vogue Arábia dá ainda destaque a outras mulheres como Manal al-Sharif, que luta pelos direitos das mulheres, e Munira Al Hamdan, Farah Azab e Saja Kamal, que falam sobre a sua paixão por futebol.

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O El País escreve que, embora o papel das princesas na defesa dos direitos das mulheres tenha ajudado a expandir fronteiras, na maior parte das vezes contribui para reforçar o status quo, de acordo com o investigador Hala Aldosari, que afirma que não deve ser esquecido que a sua liderança é resultado da pertença à família real.