O secretário de Estado da Juventude e do Desporto foi hoje apupado devido às alterações ao regime jurídico do Associativismo Jovem, mas assegurou que são infundadas as razões da contestação e prometeu que não vão acabar as “associações presididas por não jovens”.
Na sessão de abertura do 16.º Encontro Nacional de Associações Juvenis, no Estoril, Cascais — e que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa — o ambiente de festa e música contrastou com os assobios e apupos que João Paulo Rebelo recebeu quando foi chamado ao palco e, também, antes e durante a sua intervenção.
Fui brindado com mimos desta plateia legitimamente que, aparentemente, manifesta um desacordo com a lei aprovada a 03 de maio em Conselho de Ministros”, disse, referindo-se à proposta de lei que altera o regime jurídico do Associativismo Jovem.
Uma das alterações da proposta de lei do Governo, que está agora na Assembleia da República, prende-se com o limite de idade do presidente da associação juvenil, que ficará agora fixada nos 30 anos à data da eleição.
Entre os críticos presentes, que chegaram a interromper a intervenção do secretário de Estado, ouviam-se maioritariamente vozes de pessoas mais velhas, que chegaram a acusar João Paulo Rebelo de estar a mentir quando este disse que “não se vai acabar com associações presididas por não jovens”, lamentando que se esteja a assistir “a muita desinformação”.
O secretário de Estado foi perentório ao assegurar que apesar de se querer “estimular a liderança dos jovens, evidentemente não se fecha os olhos ao trabalho importante que é feito por muitas associações juvenis, que apesar de não serem lideradas por jovens, trabalham com jovens e trabalham para jovens”.
“Assim mesmo, com o intuito de espelhar a diversidade do movimento associativo, a proposta contempla a criação das associações de caráter juvenil. Associações que demonstrem trabalhar maioritariamente com e para jovens, mesmo que não sejam lideradas por jovens”, explicou.
Em ambos os casos, as associações juvenis e associações de caráter juvenil, “farão parte do registo nacional do associativismo jovem”, garantiu João Paulo Rebelo.
No final da sua intervenção de 25 minutos, na qual explicou detalhadamente o novo regime proposto pelo Governo, já só se ouviram apenas palmas e não apupos.
Seguiu-se o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, que fez questão de se dirigir ao Secretário de Estado da Juventude e do Desporto para lhe dizer: “A política é assim. Umas vezes somos aplaudidos outras vezes somos apupados. E que ninguém deixa de fazer política por ser aplaudido ou por ser apupado.”
O Presidente da República reconheceu “a coragem” de João Paulo Rebelo de ter explicado a proposta de lei detalhadamente apesar da contestação.
“Certamente tem a sensibilidade e os deputados terão a sensibilidade para perceber que é preciso também apoiar as associações de caráter juvenil que traduzem uma realidade social muito importante na comunidade portuguesa”, apelou.