Um estudo da Harvard Medical School, nos EUA, concluiu que a maioria das mulheres vítimas do tipo mais comum de cancro da mama poderão não ter de se sujeitar a um tratamento com quimioterapia. Os resultados foram apresentados na edição deste ano do encontro anual da Sociedade Americana de Clínica Oncológica, em Chicago, e poderão levar a uma mudança no combate à doença.

Cansaço, náuseas, vómitos, queda de cabelo são alguns dos efeitos secundários mais frequentes associados ao tratamento com quimioterapia. Efeitos que, segundo o estudo agora divulgado, poderão deixar de aplicar-se às mulheres vítimas daquele que é o mais comum tipo de cancro da mama. Os resultados do estudo mostram que, na maioria das vezes, o recurso a este tratamento é, afinal, desnecessário.

Em termos práticos”, refere Harold Burstein, professor associado de Universidade de Harvard, “isto significa que milhares de mulheres poderão evitar a quimioterapia, com todos os efeitos secundários que ela acarreta, conseguindo, ainda assim, excelentes resultados a longo prazo”.

De acordo com o Direção Geral de Saúde, uma em cada 11 mulheres em Portugal terá cancro da mama em algum momento da vida. Arnie Purushotham, conselheiro clínico do Centro de Investigação Oncológica do Reino Unido, refere ao jornal britânico The Guardian que, “ao estratificar estas doentes com cancro da mama e ao perceber que apenas aquelas com os riscos mais elevados de reincidência precisam de receber quimioterapia, com base na genética do seu tumor, o Tailrox [nome de batismo deste estudo de Harvard] revela um grande potencial para garantir um tratamento mais suave sem comprometer a sua eficácia”.

O estudo avaliou os benefícios da quimioterapia em cerca de 10 mil mulheres, entre os 18 e os 75 anos, sendo cada um delas classificada com um valor entre 0 e 100 em função do risco de reincidência da doença nos 10 anos seguintes. A esmagadora maioria ficou fora do intervalo em que a aplicação do tratamento provava ser uma mais-valia. “O nosso estudo mostra que a quimioterapia pode ser evitada em cerca de 70% destas mulheres, limitando a quimioterapia aos 30% que sabemos que podem beneficiar com ela”, refere ao mesmo jornal Joseph Sparano, diretor de investigação clínica do Centro de Cancro Albert Einstein, em Nova Iorque.

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