O CDS-PP acusou esta terça-feira o Governo de ter uma “conduta errática, inconsistente e desonesta” no diálogo com os professores e prometeu questionar já esta terça-feira o primeiro-ministro sobre a contagem do tempo de serviço.
“Depois ter aprovado no Orçamento do Estado uma abertura para determinar o tempo e a forma como ia ser calculado o descongelamento, depois de o PS aprovar um projeto de resolução dos Verdes a dizer que todo o tempo seria contado (…), o ministro que disse que defenderia radicalmente os professores é o mesmo ministro que retira a proposta em cima da mesa”, criticou a deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa, em declarações aos jornalistas no parlamento.
Para o CDS-PP, a forma como o Governo geriu estas negociações “deixa muitas preocupações e torna muito pouco credível a sua palavra”, alertando para a instabilidade que a ameaça de greves poderá ter nos exames nacionais e no acesso ao ensino superior. “Não deixaremos de questionar o ministro da Educação e o primeiro-ministro já hoje no debate quinzenal”, assegurou Ana Rita Bessa, criticando a facilidade com que o ministro Tiago Brandão Rodrigues “deu o dito por não dito”.
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, confirmou na segunda-feira que os professores não vão ter contabilizado qualquer tempo de serviço congelado por terem falhado as negociações com os sindicatos. A ausência de acordo “significa ficar tudo como estava”, disse o ministro da Educação aos jornalistas, no final de um dia de reuniões com os sindicatos de professores.
O ministro confirmou, assim, que os professores não vão ver contabilizados para efeitos de progressão na carreira os nove anos, quatro meses e dois dias que reclamam desde o início das negociações e que o Governo retirou de cima da mesa a proposta para contabilizar cerca de dois anos e nove meses, colocando o ónus da decisão naquilo que considerou ser uma falta de flexibilidade por parte dos sindicatos para aproximar posições.
À saída da reunião com o ministro da Educação, também na segunda-feira, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, adiantou que, perante o cenário de “chantagem”, os professores admitem avançar com uma greve aos exames nacionais, às aulas e a tarefas burocráticas como o lançamento de notas.
O secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE) anunciou que iria propor aos restantes sindicatos de professores a convocação de uma greve aos primeiros dias do próximo ano letivo, depois de uma reunião que classificou como “uma amarga deceção que confirma as piores expectativas”.