Numa das suas primeiras ações como presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez encontrou-se esta quarta-feira com a seleção espanhola de futebol, antes da partida para o Mundial na Rússia. O evento em si decorreu normalmente, sem falhas no protocolo nem gafes de maior.

Mas a atitude do guarda-redes David de Gea, jogador do Manchester United, deu nas vistas. Embora tenha apertado a mão a Sánchez, passou todo o evento de cara fechada e mãos nos bolsos, não sorriu como muitos outros colegas e foi mesmo o único jogador a não aplaudir o discurso do novo presidente de Governo. A atuação do jogador não passou despercebida em Espanha.

Em causa estão declarações do presidente do Governo no passado, que condenou o jogador por um crime do qual De Gea acabou por não ser acusado. Tudo remonta a 2016, vésperas do Europeu de futebol, e ao caso Torbe. Uma prostituta e atriz pornográfica apresentou queixa contra o futebolista do Atlético de Bilbao Iker Muniain e outro jogador não nomeado (que se viria a saber mais tarde que seria Isco, do Real Madrid) por abuso sexual. O nome de De Gea é envolvido no caso: uma outra prostituta, menor de idade, também teria sido abusada no mesmo momento e acusou o guarda-redes de ter servido de intermediário para o encontro.

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De Gea e Muniain envolvidos em escândalo sexual

Pedro Sánchez, à altura candidato às eleições legislativas marcadas para duas semanas depois, pronunciou-se sobre o caso: “Não me sinto confortável ao ver De Gea como guarda-redes da seleção espanhola depois de ver o seu nome manchado e denunciado por uma menor”, afirma. “Se me perguntam, estão do lado da vítima”, diz.

Problema: dois meses depois, a investigação policial decidiu não acusar sequer De Gea. Por um lado, a polícia concluiu que o primeiro encontro, entre a atriz porno, Munian e Isco, foi consentido. Por outro, no que diz respeito à denúncia da menor, decidiu que o seu testemunho não tinha credibilidade, por estar cheio de contradições e porque a jovem terá tentado vender a história a meios de comunicação antes da acusação, apresentando-a também como uma relação consentida.

Esta quarta-feira, depois do encontro com Sánchez, o guarda-redes falou do tema: “São águas passadas e no final percebeu-se que era tudo mentira”, relembrou. No entanto, De Gea não evitou deixar uma alfinetada ao presidente do Governo. “Houve uma altura em que não fui tratado como devia. Muita gente me criticou sabendo que o que disseram não foi correto”, afirmou, segundo o 20 Minutos.

O desconforto no encontro com a seleção foi tão notório que o presidente da Federação Espanhola, Luis Rubiales, tentou depois promover uma reunião em privado entre De Gea e Sánchez, como contou ao programa de televisão El Partidazo de Cope: “Pedro Sánchez foi próximo e carinhoso, falou com ele e disse que se alegrava por tudo ter corrido bem. Demonstrou humildade”, declarou. De Gea aceitou as desculpas de Sánchez, mas não esqueceu. Segundo o El Confidencial, o jogador continua magoado por as críticas terem sido feitas em público, mas o pedido de desculpas ter sido entregue em privado.