Se é verdade que o que não tem faltado por estes dias são previsões sobre o que vai acontecer a seguir às Legislativas de 2019, também é verdade que, até agora, nenhuma dessas teorias assentava numa estratégia de médio prazo por parte do atual primeiro-ministro. Até agora, porque é precisamente isso que defende Marques Mendes. Quando o ex-presidente do PSD dizia para Clara de Sousa, este domingo na SIC, “eu imagino a sua perplexidade”, estava a falar diretamente para todos os espetadores que ouviam pela primeira vez aquela tese sobre as alianças de um futuro governo liderado por António Costa: uma nova “geringonça” a pensar nas Presidenciais de… 2026?

No habitual espaço de comentário no Jornal da Noite de domingo, Marques Mendes antecipava que a tensão política tenderá a agravar-se entre o governo e os partidos que o suportam no Parlamento, numa altura em que se aproximam as Legislativas, em que há um Orçamento para negociar, para além das guerras nas leis laborais, nos professores e na lei de bases da Saúde. ” A ideia do governo de tentar uma maioria absoluta é uma ideia incendiária” para os partidos mais à esquerda, continuava o comentador. Por outro lado, há sinais de maior aproximação entre o executivo e o PSD: “Já deu para perceber que no íntimo de António Costa e no íntimo de Rui Rio, se não houver maioria absoluta, eles podem entender-se.”

Ora, perante a hipótese de um bloco central ou a de renovação de um acordo à esquerda, Marques Mendes acredita que Costa está já a olhar para o calendário eleitoral de 2026 e que é a partir daí que tomará uma decisão: “Em teoria e a esta distância, quem é a pessoa da esquerda mais bem preparada para uma candidatura presidencial? António Costa. Se ganhar as eleições faz dois mandatos como primeiro-ministro, e depois fica fresquinho para poder candidatar-se às Presidenciais — já sem Marcelo no horizonte.”

O comentador da SIC acredita que Marcelo Rebelo de Sousa vai mesmo cumprir dois mandatos presidenciais e que é na sucessão do atual Presidente da República que poderá estar a chave de um futuro governo, se for liderado por Costa: “Em 2026, já não haverá Marcelo. Se António Costa estiver a pensar nessa hipótese, não vai querer hostilizar o PCP e o Bloco, porque são os partidos que o poderão ajudar a chegar a Belém.” Nesse caso, diz Mendes, o primeiro-ministro tenderá a formar um governo mais à esquerda.

Por outro lado, se o atual primeiro-ministro descartar uma candidatura e preferir, por exemplo, um alto cargo internacional, “ou se estiver a pensar ir para casa”, nesse caso diz Mendes, fica caminho aberto para “uma solução de governo mais tipo Bloco Central, que lhe garante estabilidade e algumas condições para fazer reformas”.

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