“É um prazer enorme ter aqui connosco a mais importante artista plástica portuguesa” — foi desta forma que Marta Arzak, a sub-diretora de Educação e Interpretação do museu Guggenheim, em Bilbao, introduziu Joana Vasconcelos no debate “Food Meets Art”, uma iniciativa feita em parceria pela S. Pellegrino e o The World’s 50 Best Restaurants.
Vasconcelos, a única mulher deste painel que juntava os super-chefs Massimo Bottura (da Osteria Francescana, em Modena) e Alain Passard (do Arpége, em Paris) com o igualmente famoso arquiteto Giulio Cappellini, foi convidada a percorrer a sua obra e destacar aquilo que mais evidenciava a forma como a comida ou a cozinha se consegue associar ao mundo da gastronomia, seja através da emoção, criatividade ou inovação.
Com a exposição “I’m Your Mirror” agendada para estrear a 29 de junho neste mesmo icónico museu — onde vai apresentar, entre outras coisas, uma das suas famosas “valquírias” ou o “pop galo” — , a artista portuguesa mencionou e explicou o par de sapatos “inspirados em Marilyn Monroe” que são feitos com tachos e panelas, o coração de filigrana construído com colheres, facas e garfos de plástico, e até os castiçais gigantes, feitos com garrafas de vinho inteiras, que ficaram expostos na fachada do palácio inglês Waddesdon Manor.
“A cozinha é um dos sítios mais interessantes de uma casa por causa dos objetos incríveis que lá costumam ficar guardados e que muitas vezes utilizo nos meus trabalhos”, explicou.
Apesar de a organização ter-se enganado a escrever o apelido da artista no ecrã gigante que servia de fundo à palestra, a mesma não se inibiu de revelar que está a preparar uma nova peça, que deverá estrear em 2019, e que será um bolo de casamento gigante, forrado a cerâmica, onde as pessoas poderão entrar e subir até ao topo, simulando que são os bonecos que quase sempre representam o noivo e a noiva — “Isso é tão fixe!”, exclamou Bottura quando ouviu este pormenor.
Perante um anfiteatro cheio, o painel falou dos seus projetos, visão e ambições, destacando a importância de “incluir a criatividade em tudo o que fazemos”, explicou Cappellini e de não se confundir inovação com criatividade (“A inovação é melhorar, a criatividade é poesia”, exclamou Joana Vasconcelos).