O presidente da comissão de gestão do Sporting, Artur Torres Pereira, comentou a contratação de Mihajlovic para treinador do clube de Alvalade dizendo que Bruno Carvalho “se deveria abster de tomar decisões que têm a ver com o clube”, uma vez que está “suspenso das suas funções”.

“Não seria a minha opção”, disse, em relação a Mihajlovic, apesar de acrescentar que a legitimidade de Bruno de Carvalho para fazer esta contratação é “indiscutível”. No entanto, acrescentou que, mais do que este assunto, a maior prioridade deve ser a realização da assembleia-geral de dia 23 de junho, que Bruno de Carvalho rejeita apesar de a mesa da assembleia-geral do Sporting a ter convocado. “O que está em causa no Sporting neste momento transcende em muito um guarda-redes, um jogador, ou dois ou três que o conselho diretivo possa querer contratar nos próximos dias, antes da assembleia-geral do dia 23”, disse. Mais à frente, disse que “os sócios estão a ser marginalizados”.

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“Por um lado enche-se a boca com os sócios, mas, por outro lado, quando se pretende dar a voz aos sócios, nessa altura é-lhes retirada a palavra e numa girândola de factos e conhecimentos que passa pela contratação de novos jogadores ou treinadores ou de artifícios para tapar o sol com uma peneira que no fundo só tem uma finalidade, que é tentar evitar que de facto os sócios se pronunciem sobre esta situação”, disse Artur Torres Pereira que, até 2015, foi vice-presidente da direção de Bruno de Carvalho, da qual saiu após se terem incompatibilizado.

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Artur Torres Pereira afirmou também a intenção da comissão de gestão do Sporting de reverter a situação dos jogadores que nos últimos dias rescindiram contrato com o clube de Alvalade, procurando reintegrá-los na equipa do Sporting ou vender os seus passes desportivos a outros clubes.

“Está por provar que estas saídas são irreversíveis”, disse. “A comissão de gestão tentará evitar este prejuízo enorme que se adivinha para o Sporting se esta situação se mantiver e vai tentar fazer reverter, para o interesse do Sporting, financeiro desde logo e desportivo se possível, tudo aquilo que se passou à volta destes ativos desportivos e financeiros, que os erros do conselho diretivo suspenso levaram a esta situação”, acrescentou.

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Entre os jogadores que rescindiram contrato com o Sporting estão William Carvalho e Bas Dost. O primeiro atleta a anunciar essa medida foi Rui Patrício, que, esta segunda-feira, foi anunciado oficialmente como reforço do Wolverhampton. Comentando o caso do guarda-redes, Artur Torres Pereira admite que este é agora “irreversível”. “A partir do momento em que ele formalizou um contrato desportivo com um clube, a situação dele é irreversível”, sublinhou. “Agora, há jogadores que não se encontram nessa situação, e enquanto não se encontrarem nessa situação, acho que é obrigação da comissão de gestão tentar evitar o prejuízo para o Sporting Clube de Portugal decorrente da saída sem qualquer compensação ou retorno para o clube que os formou, na maior parte”, acrescentou.

“Não me considero decorativo”

Ainda assim, admitiu não ter, enquanto presidente da comissão de gestão do Sporting, capacidade para contratar jogadores. Seja como for, negou sentir ter poderes limitados: “Não me considero decorativo”, disse, referindo que “em breve o futuro tratará de comprovar” que tem razão em não se sentir “a rainha de Inglaterra”.

Depois, elencou duas razões. A primeira, explicou, é que acredita “profundamente nos sócios do Sporting e na sua presciência, na sua capacidade de análise da situação gravíssima que o nosso clube do coração hoje vive e na decisão que vão tomar na assembleia-geral do próximo dia 23”. A segunda, porque acredita igualmente “no Estado de direito democrático” e referiu que a direção de Bruno de Carvalho tem revelado “desprezo” pelas “decisões judiciais e pelos tribunais”.

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Artur Torres Pereira disse estar “convicto” de que os sócios vão votar a favor da destituição da direção de Bruno de Carvalho, sublinhando de novo ter “confiança no Estado de direito democrático”.

“Nada disto é agradável dizer, não é com prazer que nós hoje sentimos o Sporting, com os nossos colegas, amigos, vizinhos. E isto nós temos de arrancar de nós. Temos de fazer um esforço muito grande para de novo reerguer o Sporting para um caminho que é o seu”, sublinhou Artur Torre Pereira, que apelou a uma “participação massiva” dos sócios sportinguistas na assembleia-geral de 23 de junho.

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No sábado, Bruno de Carvalho disse que as pessoas que integram a comissão de gestão do Sporting estão “absolutamente proibidas de entrar nas instalações do Sporting”. Agora, na entrevista desta segunda-feira, Artur Torres Pereira rejeitou essa proibição e prometeu desafiá-la. “Quando entendermos que chegou o momento de irmos a Alvalade, vamos mesmo a Alvalade, haja o que houver e custe o que custar”, garantiu. Quando lhe perguntaram se tinha medo de Bruno de Carvalho, respondeu: “Quem está no Sporting não tem medo de nada”.

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Artur Torres Pereira disse que não tem “nenhuma” ambição de vir a ser presidente do Sporting e rejeitou abandonar o clube caso Bruno de Carvalho volte a vencer umas eleições para a direção. “O povo é que mais ordena”, disse, para depois concretizar que “nenhum sportinguista abandona o Sporting”.