Depois das críticas à separação de pais e filhos imigrantes na fronteira entre os Estados Unidos e o México, a administração de Donald Trump alterou a estratégia e assinou, esta quarta-feira, uma ordem executiva que acaba com a separação das famílias. O documento indica que os pais e filhos possam ficar detidos no mesmo local e por tempo indeterminado.

“É uma ordem executiva muito importante. Permite que as famílias se mantenham juntas e, ao mesmo tempo, assegura que temos uma fronteira forte”, disse o presidente dos Estados Unidos na Casa Branca. O documento foi pedido por Trump à secretária da Segurança Interna dos EUA, Kirstjen Nielsen, e acrescenta ainda que no caso os imigrantes ilegais terem filhos, estes devem ter prioridade nos processos de regularização.

Segundo a CNN, Melania Trump também contribuiu para o recuo americano na separação das famílias na fronteira. Uma fonte da Casa Branca disse à estação televisiva que a primeira-dama tem vindo a trabalhar nos bastidores, encorajando o presidente a manter as famílias juntas, seja através de uma ação legislativa ou por via de uma ação individual.

O responsável pela Defesa, Jim Mattis, afirmou que o Pentágono irá “responder se solicitado” para alojar migrantes detidos.

Esta terça-feira foi divulgada uma gravação anónima onde é possível ouvir gritos de crianças que foram separadas dos seus pais na fronteira dos Estados Unidos com o México e colocadas em celas, nas instalações da guarda de controlo de fronteira no sul do Texas, nos Estados Unidos. A administração de Donald Trump sublinhou uma política de “tolerância zero” nas fronteiras  e tem vindo a ser alvo de várias críticas.

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EUA: Centenas de crianças estão em celas, separadas dos pais imigrantes

Regresso das crianças separadas dos pais ainda não tem prazo

Segundo a agêncua Lusa, a agência norte-americana para a Saúde e Serviços Humanos vai começar já a devolver as crianças afastadas aos seus pais migrantes, mas não dá prazo para a tarefa estar concluída.

“Temos de retirar as crianças do nosso cuidado tão rapidamente quanto possível”, afirmou o responsável pela agência, Alex Azar, ao Washington Post.

Há 11.800 crianças migrantes retidas pela agência, mas a maioria chegou à fronteira dos Estados Unidos da América sem pais ou outros adultos. No entanto, 2.300 são as que foram retiradas aos pais, que já estão a ser contactados, mas que não conseguem falar com os filhos através de um número dedicado fornecido pelo Governo norte-americano.

Barack Obama questiona “crueldade de arrancar crianças dos braços dos pais”

Numa mensagem publicada no Facebook, no âmbito do Dia Mundial dos Refugiados, o ex-presidente dos Estados Unidos questionou a necessidade da separação das famílias na fronteiras.

“Ver as famílias separadas em tempo real coloca-nos uma questão muito simples: somos uma nação disposta a aceitar a crueldade de arrancar as crianças dos braços dos seus próprios pais, ou somos uma nação que valoriza as famílias e trabalha para mantê-las juntas? Olhamos para o lado ou escolhemos ver algo em nós e nas nossas crianças?”, questionou Obama.

O ex-presidente reforçou a importância dos americanos se “colocarem no lugar dos outros”. “Arranjar uma forma de acolher os refugiados e imigrantes – e ser inteligente ao manter as nossas leis e valores ao mesmo tempo – é o que nos torna americanos”, acrescentou.

https://www.facebook.com/barackobama/posts/10155952276261749