A embaixada dos Estados Unidos na Nicarágua exigiu na passada segunda-feira a devolução ou o pagamento dos veículos doados à Polícia Nacional do Nicarágua (PNN) por, alegadamente, os carros estarem a ser utilizados para “reprimir violentamente as vozes dos que pacificamente protestavam as ações do seu governo”.
Em comunicado, a embaixada esclarece que a decisão se deve ao facto de a polícia e “forças irregulares sob o seu comando” terem usado os veículos para suprimir manifestações não violentas contra o governo de Daniel Ortega. Consideradas ilegítimas, estas ações representam na perspetivas dos EUA uma violação da Carta de Acordo assinada entre os dois governos na doação dos veículos.
O pedido foi confirmado pela embaixadora americana na Nicarágua, Laura Dogu, na conta oficial do Twitter.
Solicitamos a Policía Nacional devolución o pago de vehículos donados, algunos usados para reprimir protestantes pacíficos. Acciones que violan términos de entendimiento de cooperación EEUU. Policía ha cooperado y devolvió los vehículos https://t.co/KsfGhupOmv pic.twitter.com/b5HIzGoSLC
— Chargé d'Affaires Kevin O'Reilly (@USAmbNicaragua) June 27, 2018
Numa nota dirigida à imprensa, a polícia da Nicarágua desmentiu as acusações da embaixada americana. “A Polícia Nacional desmente categoricamente que os meios de transporte, doados pelo governo norte-americano, tenham sido usadas para reprimir manifestações pacíficas ou o transporte de forças irregulares”. A instituição esclarece ainda que os veículos em causa são utilizados para o apoio de jovens em situações de risco e pelas Unidades de Inspeção Móveis da Dirección Antinarcóticos.
A Nicarágua vive a mais violenta crise sócio-económica desde 1980. Os protestos começaram a 18 de abril deste ano, quando as manifestações contra as reformas fracassadas ao sistema de segurança social escalaram para exigências de demissão do chefe de Estado.