Donald Trump acusa os parceiros europeus da NATO de se resguardarem nos EUA para garantir a sua proteção militar, falhando nos compromissos de investimento em armamento militar e investigação enquanto pagam “milhões de milhões de dólares” em faturas energéticas à Rússia. “Penso que é algo para que a NATO tem de olhar”, diz o presidente norte-americano na chegada a Bruxelas.

“A Alemanha está capturada pela Rússia”, disse o líder norte-americano, resumindo o tom com que parte para as conversas dos próximos dias em torno da aliança militar do Atlântico Norte e das responsabilidades que cada um dos seus membros têm de assumir, desde logo, no que diz respeito ao financiamento desta estrutura. É suposto os EUA “defenderem-nos [aos parceiros europeus] contra a Rússia” quando países como a Alemanha pagam “milhões de milhões de dólares” a Moscovo, assinalou Trump.

Trump está farto de ser “otário” e promete agitar cimeira da NATO — saiba como e porquê, em três pontos

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na reação às primeiras palavras de Trump, o secretário-geral da NATO tentou aplacar divergências no arranque do debate dizendo que a organização é “mais forte” se todos os seus membros estiverem “juntos”. Donald Trump não baixou o tom: como é que a NATO pode ser mais forte se a Alemanha está a contribuir para tornar a “Rússia mais rica”?

Reduzir a tensão e apostar no terreno comum

Apesar da posição inicial dos EUA, Stoltenberg mostrou-se “confiante” de que os parceiros NATO tomarão “boas decisões” sobre o futuro da organização transatlântica. O secretário-geral da NATO lembra que a dependência energética da Alemanha é uma questão “nacional” em que a organização não intervém mas não deixa de assinalar o princípio de “diversificação das fontes de energia” a que os países devem estar atento, para garantir que o “sistema energético é resiliente”.

Sobre um dos principais assuntos na mesa das discussões, Stoltenberg disse esperar “discussões abertas e francas” sobre os gastos com Defesa no âmbito dos parceiros NATO. “Vemos diferenças, desentendimentos entre os aliados” e, por isso, “é muito importante que esta cimeira mostre que a NATO cumpre” com os compromissos. “A minha principal tarefa é manter os 29 aliados juntos”, diz o líder da organização. E como é que isso se faz? Apostando nos “pontos em comum”.

“É do interesse da Europa e dos EUA e Canadá permanecer juntos”, assinalou o secretário-geral da NATO, numa intervenção em que os gastos em Defesa e as relações com a Rússia estiveram no topo das referências. “Todas as cimeiras NATO são importantes, mas esta é mais importante que as outras” porque a organização transatlântica está confrontada com problemas “mais complexos, mais difíceis e mais exigentes”.

Sobre um desses problemas, as relações com Moscovo, Stoltenberg insiste que a organização não aceita a anexação da Crimeia, tal como não aceita a ingerência cibernética da Rússia em países aliadas. Mas isso não serve de argumento para “isolar” o país de Vladimir Putin. “Quando a tensão está alta, esse é um momento para reforçar o diálogo” e reforçar pontes, considera o líder da NATO.

Ao mesmo tempo, o norueguês reconhece que há injustiças na forma como os 29 aliados respondem à obrigação de investimento no setor militar. E deu até o seu exemplo, como ex-ministro das Finanças. “Eu era muito bom a cortar os orçamentos de Defesa”, disse, reconhecendo que “a maior parte dos políticos gosta de gastar dinheiro noutros setores que não a Defesa”.

Stoltenberg não se limita a reconhecer essa realidade: “Os aliados concordam que aqueles que estão a gastar menos de 2% têm de gastar mais.”