Um empregado de limpeza português declarou-se culpado de se ter feito passar por vítima do incêndio que destruiu no ano passado a torre Grenfell, em Londres. Ao fazê-lo, este português beneficiou de apoios no valor de 60 mil euros, noticia a imprensa britânica.

Numa audiência no tribunal de magistrados de Westminster, em Londres, na sexta-feira, o procurador Henry Fitch disse que o português alegou estar a viver no apartamento de uma senhora idosa, cujo nome e morada terá descoberto depois de intercetar correspondência destinada à residente.

O português, identificado pela polícia de Londres como António Gouveia, de 33 anos, terá recebido dinheiro, ajudas para alimentação e ficado alojado durante 289 dias num hotel junto ao Hyde Park, cujo custo terá ascendido a 44.795 libras (50.300 euros), de acordo com o Daily Telegraph.

O advogado de defesa, Davinder Vird, terá invocado que o português se encontrava numa situação difícil no ano passado, pois tinha-se separado da companheira, de nacionalidade britânica, e não tinha domicílio fixo.

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Gouveia foi detido na quinta-feira e acusado de dois crimes de declarações falsas, e mantido preso até à leitura da sentença, marcada para 31 de agosto.

A BBC indica que o português é a 11.ª pessoa a ser acusada de burla relacionada com o apoio dado às vítimas do incêndio que começou na noite de 14 de junho de 2017 e alastrou rapidamente aos andares superiores da torre de 25 pisos, alegadamente devido ao revestimento inflamável.

Dos mais de 300 residentes, 70 pessoas morreram no incêndio, mais uma vítima que sucumbiu dos ferimentos dias depois no hospital e um bebé nado morto, filho dos portugueses Márcio e Andreia Gomes.

Logan Gomes, que já tinha quase sete meses de gestação, morreu devido à intoxicação com fumo da mãe, que foi hospitalizada juntamente com uma das duas filhas após escapar pelas escadas desde o 21.º andar.

Além do casal Márcio e Andreia Gomes e as duas filhas menores, viviam na Torre Grenfell outros seis portugueses, todos no 13.º andar: Miguel e Fátima Alves e dois filhos, e outros dois amigos portugueses, residentes num apartamento vizinho, que também sobreviveram.