O Festival Paredes de Coura 2018 regista um aumento de público estrangeiro que a organização atribui ao “efeito Arcade Fire” mas principalmente ao “charme do evento” e ao sucesso do passa-palavra fora de portas.
A decorrer na Praia Fluvial do Taboão, nas margens do rio Coura, até domingo, a 26.ª edição daquele que já foi considerado pela revista Rolling Stone como um dos cinco melhores festivais é também um evento familiar, com público de várias idades, mas que exige “umas boas pernas” para calcorrear o anfiteatro natural onde estão espalhados os três palcos.
Em declarações à Lusa, o diretor do festival Paredes de Coura, João Carvalho, apontou um aumento de cerca de 12 por cento de público além-fronteiras, com destaque para Espanha, França, Inglaterra e para um “fenómeno belga”, ainda que sem aumento da publicidade fora de Portugal e de Espanha do festival.
“Cresceu um bocadinho, provavelmente pelo efeito Arcade Fire. Essencialmente [há um aumento de público], espanhol mas há também ingleses, franceses, belgas, não me perguntem porquê, mas há um fenómeno belga que vem crescendo”, descreveu.
O objetivo, referiu, “é manter este crescendo, mas de forma natural”, pelo que o aumento da difusão do Festival fora da Península Ibérica não está no horizonte da organização. “Promovemos aqui e em Espanha. Também não queremos promover muito lá fora porque temos uma capacidade esgotada, queremos mantê-lo assim, não queremos vender mais bilhetes”, referiu.
E porque atrai tanta gente o Paredes de Coura? “Por tudo. É um festival cativante, o espaço é um espaço idílico, é um festival de relações, que deixa nostalgia e saudades ao ponto de quererem voltar”, enumerou João Carvalho. Na relva do anfiteatro natural onde decorre o Festival Paredes de Coura, o sotaque e ambiente familiar corroboram as palavras de João Carvalho, ouvindo-se castelhano e risos infantis, de pais e filhos.
Ivan veio com a mulher, os dois filhos e mais um casal de amigos, também com dois filhos, todos entre os dois e os 5 anos. “Bom, viemos porque gostamos de desfrutar da música ao ar livre, as crianças aqui estão ótimas e vão também aprendendo e criando um gosto musical. Há que os ir educando”, disse, entre sorrisos e o ‘moche’ das crianças.
Vindo de Vigo, na Galiza, Ivan voltou a Paredes de Coura depois de 15 anos de ausência: “Vinha sem filhos, agora volto com as crianças, mas não há muitas diferenças, mantêm-se o essencial, o que é bom”, salientou. Mais perto, do Porto, aos 48 anos, Jaime Correia confidenciou à Lusa que a vinda ao Festival de Paredes de Coura “era um desejo que tinha há muitos anos” mas que só agora se proporcionou.
“Este ano materializei-o. A música, o ambiente o espaço? já conhecia outros festivais. A este nunca tinha vindo, mas o cartaz é uma onde muito fixe. Claro que vim pelos Arcade Fire mas também pelo Tigerman, que sigo, Jungle, Fugly”, acrescentou. No entanto, para o jovem de quase 50 anos o recinto, que destacou ser “muito bonito”, tem defeitos e deixa marcas.
“Tem um senão, o facto de ser muito íngreme, andamos sempre a subir e a descer e dá um pouco conta das pernas”, disse. O público do Paredes de Coura terá ainda que ter pernas esta noite para nomes como Surma, Fleet Foxes, Jungle, Confidence man e pode descansar depois do ‘after-hours’ a cargo do holandês Young Marco.