O Samsung Note 9 é um smartphone diferente. Não é para todos: é para quem quer um telemóvel potente (muito potente), com um ecrã que não tem medo de ser grande e para quem precise — e goste — de tirar notas rapidamente. Basta um destes critérios ser preenchido e o Note 9 é uma resposta certa — isto, se o preço superior a mil euros não assustar o comprador.
O smartphone está disponível em duas versões, uma com 128GB de memória interna e 6GB de memória RAM, e outra — para os utilizadores mais exigentes — com capacidade para dois cartões SIM, 512GB de memória interna e 8GB de RAM. Se, mesmo assim, meio terabyte é pouco para o que procura num smartphone com um processador Qualcomm Snapdragon 845 (é daqueles muito, muito rápidos), há a opção de expandir até mais 512GB, por cartão micro SD a memória deste dispositivo. Ah! E isto tudo mantendo a entrada tradicional para auriculares com fios.
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São estas especificações que permitem que o Note 9 se ligue a um monitor externo e que até funcione como um computador — com um teclado e um rato melhor — como outros equipamentos da Samsung. Mesmo assim, com certeza que já olhou para a classificação e pensou: mas então porque é que não tem cinco estrelas? O preço é uma (grande) razão, mas há outras: o botão dedicado para a Bixby — a assistente digital da Samsung — é pouco útil; as diferenças em relação ao Note 8 e aos S9 não surpreenderam; e o ecrã curvo continua a ser uma opção estranha de design para um dispositivo que quer substituir um bloco de notas.
Samsung Note 9
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A favor:
- Nova S Pen
- Bateria
- Câmaras melhor do que o S9 Plus
Contra
- Preço
- Cantos curvos a tirar notas
- Botão Bixby
Defeitos à parte, o Note 9 não deixa de ser dos equipamentos mais interessantes no mercado e a S Pen — a caneta renovada para escrever incorporada no dispositivo — mostra que nem só com os dedos se pode mexer intuitivamente num telemóvel. Além disso, neste novo Note há também a maior bateria da Samsung desde o Note 7, que mostra que a polémica dos incêndios causados por este último dispositivo já é história. Em nove GIFs, deixamos as nossas impressões.
Até há espaço para uma canetinha
Os Note, apenas pela potência, já são smartphones que intimidam a concorrência. Contudo, a característica destes modelos da Samsung continua a ser a S Pen, a pequena caneta digital que dá para guardar no dispositivo quando não está em utilização. Neste novo modelo é a grande novidade, com bluetooth e bateria própria para permitir mais funcionalidades — que já vemos a seguir como funcionaram — mas a premissa continua lá: rapidamente tirámos notas sempre que quisemos. Assim que o hábito de escrever no ecrã é ganho, não são só outros smartphones que devem ter medo, um pequeno Moleskine também deve temer a tecnologia.
Controlar um smartphone à distância até é útil e este Note 9 é também para tirar fotografias
Além de tirar notas, a S Pen do Note 9, através de sequências de toque no único botão que tem, permite controlar o dispositivo à distância. Para que é que isto serve? Para mais do que podíamos esperar. Seja para tirar fotografias à distância ou passar os diapositivos numa apresentação, é uma ferramenta claramente útil e que funciona. Contudo, apesar de ser uma actualização bastante útil, para quem já tinha o Note 8, não é a justificação para um novo investimento.
Quanto às fotografias tiradas, as câmaras fotográficas, tanto a frontal como as traseiras, continuam a mostrar que a Samsung tem equipamentos capazes de substituir máquinas fotográficas e conseguem fotografias mais nítidas do que as do Note 8. Dos testes que fizemos, comparamos os resultados ao S9 Plus que analisámos em abril, que já tinha das melhores câmaras do mercado. Aqui, o único defeito que apontamos é em ambientes mais escuros nos quais o modo automático não captou sempre a luz como esperávamos (houve imagens que ficaram bastante escuras).
A captura de ecrã como sempre devia ser
Apesar de as novas características da S Pen terem melhorado, as antigas continuam todas lá. Capturas rápidas de ecrã através de um menu lateral — que surge sempre que a caneta é retirada da slot — para poder desenhar no ecrã e rapidamente abrir outras aplicações dedicadas da S Pen, como o bloco de notas, funcionaram sem problemas no nosso teste. Como dissemos, por si, o Note 9 já muito potente, mas com a S Pen continua a distinguir-se claramente da concorrência. Se no início estávamos cautelosos em utilizá-la, rapidamente começámos a fazê-lo, porque há coisas em que, simplesmente, dá mais jeito utilizar esta caneta em vez dos dedos.
Não foi só nos S9 que a Samsung corrigiu o erro de design do sensor de impressão digital
Nos S9, a Samsung já tinha corrigido o erro de design do sensor de impressão digital dos modelos S e Note 8 (estava no canto lateral direito, ao pé da câmara). A opção de pôr este modo de desbloqueio no meio da parte traseira é mais prática para segurar o smartphone, seja com a mão direita ou esquerda. Este pequeno upgrade/correção no design também distingue esta evolução do Note 8, mas não podemos deixar de referir que quando usámos várias vezes o dedo acertou nas lentes da câmara traseira e não no sensor. No entanto, continuando o Note 9 a ter reconhecimento facial para desbloquear o telemóvel, o que, nos nossos testes, foi uma funcionalidade que mostrou ser mais eficiente até do que os S9 (que já era dos melhores como o Note 8), acabámos por utilizar muito pouco esta função.
A bateria é a melhor da Samsung, mas na concorrência há quem consiga o mesmo (e melhor)
Em abril, dizíamos que o S9 Plus, que tem apenas menos duas polegadas do que o Note 9 (e não tem caneta), devia ser melhor no que toca à bateria. Esse grande pormenor foi completamente corrigido no Note 9. Mas é como o Huawei P20 Pro, que, neste ano, foi o que mais nos surpreendeu neste campo? Não, mas está muito perto. Facilmente conseguimos um dia e meio de utilização nos testes que fizemos, o que mostra que não só a bateria é melhor que a do Note 8, como a Samsung deixou de ter ‘medo’ de fazer baterias com grande capacidade depois da polémica com os Note 7 (uma das características desse modelo que levou a que se incendiassem).
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Dá para tirar notas com o ecrã bloqueado, mas lê-las já é outra história
As notas com ecrã bloqueado não são novas nos Note, mas agora quando se escreve são a amarelo num fundo preto. No modo ecrã bloqueado, isto faz pouca diferença. Contudo, quando se vai ver o que escreveu, as notas são automaticamente guardadas com a cor amarela, mas num fundo branco. Para alterar esta função não é intuitivo e para quem quer tirar notas com a S Pen — a característica máxima deste dispositivo — e depois ir lê-las, ficámos com a sensação que, aqui, a Samsung devia ter tido mais atenção ao detalhe.
É também no ponto das notas tiradas com o ecrã bloqueado que se nota um pormenor de design no Note 9 que é bonito, mas que não é útil: o ecrã infinito com ecrã curvo nas laterais. Nos S9, podemos afirmar que é uma questão de gosto, porque não há S Pen, mas no Note, principalmente a tirar notas num ecrã com fundo preto, facilmente a caneta desliza ao chegar aos cantos. Durante o tempo em que o utilizámos, aconteceu mais do que uma vez. Para quem quer este smartphone para tirar notas, vai encontrar o mesmo pormenor para o qual a Samsung devia ter tido mais atenção.
As 6,4 polegadas que antes fazia dos Note “phablets” e agora leva a Apple a seguir o exemplo
As 6,4 polegadas fazem do Note 9 um phablet (smartphone tão grande que já é um pequeno tablet). Tem mais 0,1 polegadas que o Note 8, que já era dos maiores no mercado. Ou seja, quem quer este smartphone está mesmo à procura de um ecrã grande. Como nos disseram durante a utilização “parece uma pequena televisão”. Mas mesmo quem esteja habituado a ecrãs pequenos, vai facilmente habituar-se a este grande tamanho no Note 9. Continua a caber no bolso da calças (nas masculinas…) e permite ver séries, jogar jogos ou ver emails com muito mais facilidade.
Este grande ecrã, que era um dos pontos contra o S9, agora até é imitado pela Apple, que tem um ecrã com o mesmo tamanho no novo iPhone Xs Max. Com o Note 9, não só se compreende porque é que há mercado para ecrãs grandes, como porque é que a Samsung continuou a apostar nestes grandes tamanhos, mesmo quando a criticavam por isso. Mas deixamos o aviso: uma capa protetora nestes ecrãs é sempre recomendável (não o atirámos ao chão além, mas ficámos sempre com a sensação de que facilmente se parte).
A S Pen não serve só para tirar notas, mas há limites
Neste GIF, mostramos um dos jogos que experimentámos no Note 9. É uma reedição mobile do Roller Coaster Tycoon, um jogo de simulação de parques de diversões que saiu em 1999 para PC. Mesmo estando reeditada para smartphones sensíveis ao toque, quando se joga noutros dispositivos, sentimos a falta de um rato. Entra aqui a S Pen. Este jogo é um exemplo de que a S Pen, mesmo com aplicações não nativas para esta ferramenta, mostra-se útil e intuitiva. Pequenas coisas como ampliar ou reduzir o ecrã continuam a precisar de dois dedos, mas seja num simulador de montanhas russas, ou a carregar numa célula específica de uma folha de Excel, compreende-se o fascínio de quem opta por estes modelos pela pequena caneta. Nas várias aplicações não nativas em que fizemos o teste, este não criou bugs nem entrou em conflito.
Reduzir o tamanho do ecrã é bom, mas há um botão para uma assistente digital que não apetece utilizar
E chegámos ao último GIF, que mostra uma especificação cada vez mais útil nos smartphones. Devido aos grande ecrãs, utilizá-los com uma mão é mais difícil e estas pequenas opções de reduzir o ecrã para o canto esquerdo ou direito precisam de ser fluidas. Foi o que aonteceu com o Note 9 (nos outros Note isto já existia). Contudo, há também pormenores dispensáveis, como a Bixby.
No canto lateral esquerdo, a assistente de inteligência artificial da Samsung tem um botão que lhe é dedicado, que não pode ser oficialmente reconfigurado. Com outras assistentes digitais, como a da Google e da Amazon a ganharem espaço no mercado, compreende-se que a Samsung também queira participar. Agora, impingir esta opção aos utilizadores com um botão próprio num smartphone que se quer adaptar ao utilizador em coisas como escrever, é uma falha.
Veredicto final: nem é o preço, é porque ficámos com a sensação de que vem aí algo melhor
O Note 9 é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores equipamentos da Samsung. Para quem tem um Note 8 vale o upgrade? Não. Há pequenas melhorias, mas fica-se com a sensação de que a sul-coreana podia ter feito mais neste dispositivo. Com um preço superior a mil euros é dos equipamentos mais caros no mercado e, na concorrência, há quem tenha — o P20 Pro é exemplo disso — dispositivos tão capazes. Perdem a S Pen, mas é nisso que os Note continuam a brilhar e a evoluir também.
*Análise corrigida a 22 de setembro, às 18h32, relativamente à memória RAM dos dois modelos e quanto à bateria do Note 9 ser a maior da Samsung (em 2016, o A9 Pro, já tinha mais autonomia)