O CDS vai pedir um inquérito parlamentar ao roubo de armas em Tancos, anunciou esta terça-feira o deputado centrista Nuno Magalhães. “Consideramos que o local próprio para apurar os atos omissões e responsabilidades políticas do Governo é o Parlamento”, afirmou aos jornalistas, confirmando que “o CDS irá apresentar uma comissão parlamentar de inquérito” sobre o caso. Recorde-se que esta terça-feira o diretor da Polícia Judiciária Militar e outros três militares foram detidos na sequência do caso. A iniciativa dos democratas-cristãos já tem um partido contra: o Bloco de Esquerda diz que proposta do CDS é “brincadeira política”.

Em declarações esta tarde aos jornalistas, Nuno Magalhães considerou que o caso “é da maior gravidade do ponto de vista da responsabilidade máxima e fundamental das funções do Estado”, pelo que é necessário um “esclarecimento urgente sobre o que realmente se passou em Tancos”. “O que ao longo destes 13 meses tivemos da parte do Governo não foi esse esclarecimento. Pelo contrário, o que tivemos da parte do Governo foi desvalorização, omissão e até contradição, por vezes”, afirmou.

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Recordando que o CDS chamou ao Parlamento o ministro da Defesa Nacional e o Chefe do Estado Maior do Exército para prestar esclarecimentos, além de ter pedido a disponibilização das listas de material furtado e recuperado, Nuno Magalhães notou a falta de disponibilidade do poder político para colaborar com a investigação e registou “as diligências que estão a ser efetuadas pelo Ministério Público”. “Aguardaremos que a justiça faça o seu trabalho”, considerou.

“De igual modo registamos que é muito claro e notório que existiram responsabilidades, omissões, da parte do governo, que são inadmissíveis, que geram insegurança, que afetam o núcleo essencial do Estado, e também elas têm de ser apuradas e esclarecidas. Se o local próprio para apurar eventuais responsabilidades criminais são os tribunais, que sabemos e respeitamos, não deixamos de notar que o local próprio para apurar os atos, omissões e responsabilidades políticas da parte do governo é o Parlamento”, afirmou Nuno Magalhães.

O deputado centrista destacou que o objetivo é “apurar responsabilidades políticas” e não interferir na investigação judicial e afirmou que o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, e o Chefe do Estado Maior do Exército, Rovisco Duarte, “não têm condições para continuar no seu cargo”.

BE diz que proposta do CDS “é brincadeira política”

A proposta do CDS já foi comentada pelo Bloco de Esquerda, com Pedro Filipe Soares a dizer que o partido estará contra uma comissão de inquérito ao caso Tancos. pelo menos enquanto estiver em curso a investigação judicial. O líder parlamentar do BE disse aos jornalistas, no Parlamento, que “esta proposta não é para ser levada a sério. Parece mais brincadeira política do CDS, quanto muito é fogo amigo quanto a uma investigação em curso, mas absolutamente inconsequente no que toca a uma matéria tão grave”, considerou.

O deputado diz mesmo ser “incompreensível” que o CDS queira desencadear uma comissão de inquérito por causa de novas detenções e quando está em curso uma investigação judicial. “O CDS sabe que uma investigação em curso limita de forma considerável uma comissão de inquérito”, afirmou ainda Pedro Filipe Soares. “Fazia tudo mais sentido, para que fosse cabalmente esclarecido, no que aos contornos político diz respeito, que essa comissão de inquérito acontecesse quando o Ministério Público já não tivesse essa investigação”.

Quanto à ação do Governo, o BE não a isenta de culpas que concentra, no entanto, no ministro da Justiça. “O Governo tem sido incoerente na forma como tem respondido, pelo ministro da Defesa. Já o ouvimos dizer que não tinha havido furto e depois que havia e depois voltar à primeira versão”, registou.

Artigo atualizado às 19h15 com a posição do Bloco de Esquerda